II Concílio do Vaticano: Contributo para fechar as cicatrizes das guerras mundiais

Consciente que se vive um período novo na história, João XXIII disse que um dos direitos fundamentais que a Igreja “não pode renunciar é a liberdade religiosa, liberdade que se não pode reduzir à liberdade de culto” e acrescenta: “Verdade e liberdade são as pedras basilares sobre que se edifica a civilização humana”.

A um mês do início do II Concílio do Vaticano, o Papa João XXIII leu uma radiomensagem ao mundo inteiro onde refere que esta assembleia magna se reúne dezassete anos depois do fim da II guerra mundial e cada qual “dará o contributo da sua inteligência e da sua experiência para fechar as cicatrizes dos dois conflitos que alteraram profundamente a fisionomia de todos os países” (Cf. Boletim de Informação Pastoral, nº 19, 1962, pag.16).

Na sua mensagem – intitulada «Ecclesia Christi, Lumen Gentium» -, difundida pela imprensa, rádio e televisão, João XXIII sublinhou que o mundo “tem verdadeiramente necessidade de Cristo e é a Igreja quem leva Cristo ao mundo”. Este tem os “seus problemas” e “muitas vezes procura angustiado solução para eles”.

Para o Papa que convocou o II Concílio do Vaticano é compreensível “que uma preocupação ansiosa de os resolver a tempo e bem, possa ocasionar obstáculos à difusão da verdade integral e da graça que santifica”.

Difundida a 11 de Setembro de 1962, João XXIII frisou que a Igreja sempre se interessou por estes “tão graves problemas, fez deles um cuidadoso estudo”, e o Concílio poderá “propor, em linguagem clara, as soluções que para eles reclamam a dignidade do homem e a sua vocação cristã”.

Para o Papa, as doutrinas que “apregoam o indiferentismo religioso ou negam Deus e a ordem sobrenatural” e também aquelas que “ignoram o papel da providência na história e exaltaram inconsideradamente a personalidade do homem individual” devem “ouvir a palavra corajosa e generosa que já foi formulada” na encíclica «Mater et Magistra» que “resume o pensamento de dois mil anos de história cristã”.

Consciente que se vive um período novo na história, João XXIII disse que um dos direitos fundamentais que a Igreja “não pode renunciar é a liberdade religiosa, liberdade que se não pode reduzir à liberdade de culto” e acrescenta: “Verdade e liberdade são as pedras basilares sobre que se edifica a civilização humana”.

Perante os países subdesenvolvidos, a Igreja apresenta-se “tal e qual é e pretende ser: A Igreja de todos, e muito particularmente a Igreja dos pobres”, acentuou o Papa na sua radiomensagem.

Na sua comunicação a um mês da abertura do II Concílio do Vaticano, o Papa frisou que é “dever de todo o homem, e é dever imperioso do cristão, fazer contas ao seu supérfluo atendendo às necessidades dos outros e velar cuidadosamente para que a exploração e distribuição dos recursos naturais a todos aproveitem”. E conclui, dizendo que essa posição será defendida “com vigor” na assembleia magna: “Trata-se, pois, de difundir o sentido social e comunitário, imanente no autêntico cristianismo”.

LFS

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