Sínodo 2023: «Se o rosto do irmão ou irmã deficiente for descartado, é a Igreja que se torna deficiente» – Cardeal Mario Grech

Vaticano pediu contributos sobre sinodalidade às pessoas com deficiência, em sessão online

Foto: Dicastery for Laity, Family and Life

Cidade do Vaticano, 20 mai 2022 (Ecclesia) – O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, em colaboração com a Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos, realizou um encontro online com pessoas com deficiência onde pediu o seu “contributo para o sínodo sobre a Sinodalidade”.

“Superar todo o preconceito de quem acredita que aqueles que têm dificuldade em se expressar não têm pensamento próprio, nem nada de interessante para comunicar”, é o desafio do processo sinodal, disse o secretário do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, o padre Alexandre Awi Mello, esta quinta-feira.

Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, pela Sala de Imprensa da Santa Sé, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e a Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos explicam que a sessão online, de cerca de duas horas, teve o objetivo de “dar voz” diretamente às pessoas com deficiência, “fiéis que muitas vezes se encontram à margem das nossas igrejas”.

A organização do encontro destaca “quatro testemunhos comoventes da Libéria, Ucrânia, França e México” que chamaram a atenção para “a necessidade de ultrapassar a discriminação, a exclusão e o paternalismo”.

“Tenho uma dívida para com as pessoas com deficiência. Foi um deles que me colocou no caminho para uma vocação sacerdotal. Se o rosto do irmão ou irmã deficiente for descartado, é a Igreja que se torna deficiente”, disse secretário-geral da Secretaria do Sínodo dos Bispos, o cardeal Mario Grech, no início desta sessão online.

Numa dinâmica de diálogo, participaram cerca de 30 pessoas com deficiências sensoriais, físicas ou cognitivas, a partir de 20 países do mundo, que se expressaram nas suas próprias línguas, incluindo três línguas gestuais, para ser elaborado um documento conjunto para responder à pergunta fundamental do sínodo 2021/2023: ‘Como estamos a caminhar com Jesus e com os nossos irmãos para o anunciar?’.

“Ao nascer, podia ter sido abortada. Estou feliz por viver. Amo a todos e agradeço a Deus por me ter criado”, partilhou uma catequista francesa com síndrome de Down.

Foto: Dicastery for Laity, Family and Life

O encontro, acrescenta o comunicado, foi “o lançamento de um verdadeiro processo sinodal internacional” dedicado às pessoas portadoras de deficiência e também participaram representantes de conferências episcopais e associações internacionais.

O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e a Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos, contextualizam que esta sessão faz parte do percurso iniciado com a campanha de vídeos ‘#IamChurch’, sobre o protagonismo eclesial das pessoas com deficiência, lançado em dezembro de 2021.

Este processo vai ser concluído com uma reunião presencial em Roma, nos próximos meses, adiantam.

A primeira fase do processo sinodal lançado pelo Papa, em outubro de 2021, chega ao fim este mês, com as várias dioceses portuguesas a ultimar uma síntese do trabalho realizado a nível local, que vão entregar à Conferência Episcopal.

A 16ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa Francisco, tem como tema ‘Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão’, e vai decorrer em outubro de 2023, sendo precedida por um processo de consulta com assembleias diocesanas e continentais.

CB/PR

 

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Agência ECCLESIA

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