Igreja: «Um cristão não pode deixar de ser alegre» – Cardeal José Saraiva Martins

Prelado português celebrou 30 anos de ordenação episcopal na Sé da Guarda

D. José Saraiva Martins (Foto: Agência Ecclesia/HM)

Guarda, 16 ago 2018 (Ecclesia) – O cardeal José Saraiva Martins afirmou que “a tristeza não é cristã”, em declarações à Agência ECCLESIA, antes do lançamento da sua biografia atualizada ‘Quando a Igreja Sorri’, esta quarta-feira, na Sé da Guarda.

“Se acredito no Evangelho não posso ser triste, se acredito na ressurreição sei que não vou ficar no sepulcro, subirei ao céu. É a Igreja da ressurreição, não da morte”, explicou.

O cardeal José Saraiva Martins salientou que “um cristão não pode deixar de ser alegre, otimista”, e ter uma conceção positiva da vida, afinal “a tristeza não é cristã e um cristão tem de ter os motivos para não ser triste”.

À margem da apresentação do livro ‘Quando a Igreja Sorri – Biografia actualizada do Cardeal José Saraiva Martins’, o prelado português explicou que o autor (o jornalista italiano Andrea Tornielli) queria como título “o cardeal que sorri” mas era “demasiado pessoal”.

“É a Igreja do otimismo, da alegria, um cristão crente que vive a fé, que acredita no Evangelho, não pode ser triste”, realçou sobre a sugestão final.

D. José Saraiva Martins explicou que a ideia do livro “nasceu de maneira muito simples” e da vontade do jornalista italiano publicar a sua biografia uma vez que teve uma grande “atividade internacional” onde visitou “todo o mundo ao serviço da Santa Sé”.

(Esq-dta) Álvaro Amaro, D. Manuel Moiteiro, Cardeal José Saraiva Martins, D. Manuel Felício Foto: Agência Ecclesia/HM

A biografia atualizada do cardeal português foi apresentada esta quarta-feira, na Sé da Guarda, pelo bispo da Aveiro, oriundo do presbitério da Guarda.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Manuel Moiteiro realçou “três aspetos importantes”, a começar pela infância nas terras da Guarda que “marcam o futuro, dizem os pedagogos, com aqueles valores que são inerentes à cultura”.

“Uma zona fria mas ao mesmo tempo de pessoas acolhedoras, profundamente cristã e os valores do Evangelho impregnam a nossa cultura, a nossa vida do dia a dia. Isto marcou bastante a vida do senhor cardeal”, desenvolveu.

Os outros dois aspetos foram a sua preparação filosófica e teológica, que “foi extraordinária”, e que o “preparou para a missão que a Igreja lhe confiou” na Cúria Romana, e o facto de ser “conhecido pelo cardeal do sorriso” porque “é um homem afável, simpático, amável”.

Segundo o diretor-geral da PAULUS Editora, apesar do cardeal português viver há muitos anos em Roma “nunca deixou de estar presente na Igreja e na sociedade” em Portugal.

“Na última década foram várias as suas intervenções, por isso, houve mais do que um capítulo da primeira biografia que tinha sido editada”, assinalou o padre José Carlos Nunes.

A sessão contou com a presença bispo da Guarda para quem “é uma mais-valia para todos” e “uma motivação” a presença do cardeal Saraiva Martins.

“A biografia é incentivo a conhecermos mais e melhor os valores da nossa terra e podermos transformar em vida da nossa vida”, acrescentou D. Manuel Felício à Agência ECCLESIA.

O presidente da Câmara Municipal, Álvaro Amaro, anunciou que vão atribuir a Medalha de Honra do município ao cardeal José Saraiva Martins “que outorga o título de cidadão honorário da Guarda”.

Foto: Jornal A Guarda

O cardeal português foi nomeado arcebispo titular e secretário da Congregação para a Educação Católica, pelo Papa São João Paulo II, a 26 de maio de 1988.

Passados 10 anos, o pontífice polaco nomeou-o prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, a 30 de maio de 1998 e foi criado cardeal no Consistório de 21 de fevereiro de 2001, com o título de cardeal-diácono de Nostra Signora del Sacro Cuore.

“Procurei sublinhar fortemente que a santidade é o mais importante na Igreja, todos estão chamados à santidade, não é um luxo de alguns, privilégios de outros; Canonizar uma pessoa é propor o exemplo aos outros fiéis”, explicou deste serviço à Igreja Católica.

D. José Saraiva Martins é natural de Gagos do Jarmelo (Guarda), onde nasceu em 6 de janeiro de 1932 e dá “graças a Deus por ter nascido nesta terra”.

“Uma criancinha que desde pequenina vai à missa todos os domingos, aquilo fica no coração”, recordou, realçando as “caraterísticas cristãs”.

O cardeal português resignou a 9 de julho de 2008, e, no ano seguinte, o agora Papa emérito Bento XVI nomeou-o cardeal-bispo da Igreja Católica, com o título de cardeal-bispo de Palestrina, a 24 de fevereiro de 2009.

Desde os 17 anos de idade que reside em Roma, onde fez doutoramentos em Teologia, na Universidade de São Tomás, e de Filosofia, na Universidade Pontifícia Urbaniana, e foi ordenado padre a 16 de março de 1957, como membro da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Claretianos).

“Ter experiência missionária não é só ir para as missões mas tudo o que se faz na Igreja. Todos são missionários na vocação eclesial”, realçou, destacando que a “Curia Romana também é território de missão”.

De 1977 a 1983, D. José Saraiva Martins foi reitor da Universidade Urbaniana, cargo que voltaria a desempenhar entre 1986 e 1988.

HM/CB

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Agência ECCLESIA

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