Igreja: Transladação de D. António Barroso é «um novo impulso para a canonização»

D. Jorge Ortiga afirmou necessidade de «recuperar a opção preferencial pelos pobres» e contrariou «bem-estar económico» de Portugal

Foto Jorge Oliveira/Diário do Minho

Barcelos, 18 nov 2019 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga disse que a trasladação dos restos mortais de D. António Barroso do cemitério de Remelhe para a igreja paroquial, que aconteceu este domingo, vai trazer um “novo impulso” para a causa de canonização.

“A trasladação para este espaço nobre da igreja paroquial é a certeza de um novo impulso para a causa da canonização”, afirmou D. Jorge Ortiga, citado pelo jornal ‘Diário do Minho’.

Na sua homilia, o arcebispo de Braga prometeu corresponsabilidade na causa de canonização “pedindo e dando a conhecer as graças que poderão resultar em possíveis milagres”, acrescenta a Rádio Renascença.

O arcebispo de Braga assinalou que a trasladação de D. António Barroso “permitirá condições favoráveis para assimilar o testemunho do crente, do bispo e do missionário”, de modo que todos “se deixem tocar pelo seu testemunho e apaixonar pela causa do Evangelho”.

Natural de Remelhe, em Barcelos, D. António Barroso nasceu no dia 5 de novembro de 1854 e morreu no dia 31 de agosto de 1918, no Porto, com 63 anos; Na celebração deste domingo foi transladado do cemitério da sua freguesia natal para a igreja paroquial de Santa Marinha de Remelhe.

Considerado como o “Bispo dos Pobres”, frequentou o Colégio das Missões Ultramarinas, em Cernache, – criado em 1856 por Sá da Bandeira e encerrado em 1912 por Afonso Costa – foi missionário no Congo, bispo em Moçambique, entre 1891 e 1997, depois bispo de São Tomé de Meliapor, na Índia, entre 1887 e 1889, e bispo do Porto desde 1889 e até 1918.

Este domingo a Igreja Católica celebrou o terceiro ‘Dia Mundial dos Pobres’, celebração instituída pelo Papa Francisco, e o arcebispo de Braga destacou que o antigo bispo missionário “passou à história com o nome de pai dos pobres, tudo fez pelos pobres”, e “seguindo” os seus passos a Igreja deve recuperar “esta opção preferencial pelos pobres”.

D. Jorge Ortiga que incentivou “ao combate das situações de desigualdade social” na homilia contrariou “a ideia que Portugal se encontra numa situação de bem-estar económico”.

“Pretendem dizer-nos que economicamente Portugal se encontra numa situação de bem-estar, não custa muito contradizer estas afirmações, basta ir ao encontro da vida de muitas famílias para reconhecer hoje novos rostos de pobreza”, desenvolveu.

Foto Renascença

“Junto dos restos mortais de D. António devemos, por isso, ouvir a voz lancinante de tantas situações desumanas que teimam em persistir”, concluiu o arcebispo primaz de Braga.

Na cerimónia, o bispo do Porto disse que dos seus primeiros atos nesta diocese foi falar “na Congregação para a Causa dos Santos de dois grandes do Porto: D. António Barroso e Padre Américo”.

“Tudo continuaremos a fazer para que outros possíveis milagres sejam creditados em Roma”, acrescentou D. Manuel Linda.

O também presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização explicou que recorda o antigo bispo “pela sua dimensão universal, pela sua ligação à pobreza e pela sua procura de liberdade”; No dia 20 de outubro inaugurou uma estátua de D. António Barroso, num monumento à missionarão portuguesa, em Cernache de Bonjardim.

Enquanto bispo do Porto, o venerável D. António Barroso afirmou a autonomia da esfera religiosa diante da política, expressa na “Pastoral do Episcopado Português” de 1911, e esteve preso em 1914 e em 1917.

CB

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