Igreja tem de conhecer e integrar a população cigana

O Dia Nacional dos Ciganos, celebrado no dia 24, quer assinalar a presença desta etnia em Portugal. O seu objectivo cimeiro é dar visibilidade e promover o contacto inter cultural,nas paróquias dada a distância que ainda se sente. Um quadro social continua a remeter para as margens esta etnia que há muito faz parte da sociedade para não ganha eco. Uma população de cerca de 50 mil ciganos em Portugal, que representam uma minoria, mas que “continuam a encontrar estereótipos no relacionamento”. Há que aumentar as dinâmica de inclusão, “tanto a nível social como eclesial”, destaca à Agência ECCLESIA, Francisco Monteiro, da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos. Tanto igreja, como sociedade, não conhecem “este povo e por isso acontece a rejeição”. Falar dos problemas e levantar estereótipos ajudam a “desconstruir o passado a que este povo foi votado, de descriminação e perseguição”. Casos que não são tão remotos assim, dados os inúmeros casos com que Francisco Monteiro lida, e infelizmente conhece. Votados à discriminação, a etnia cigana “foi-se fechando e quando abordados exaltam-se”. A Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos quer colocar esta etnia na opinião pública, para que falando, as pessoas se conheçam. Há paróquias onde os ciganos se integram com a comunidade. Casos há também de celebrações repartidas e ainda registo de várias paróquias onde não se encontra qualquer contacto entre o pároco e o povo cigano. Espalhado por Espanha e presente também em Portugal, a etnia cigana segue o culto da Igreja Evangélica. Francisco Monteiro explica que este culto “ciganizou-se porque a Igreja deve ser cigana, entre os ciganos e a Igreja Católica não o fez”, porque há diferenças culturais, “há que as respeitar”. A Igreja Evangélica de Filadélfia de Portugal une os ciganos no culto. Um factor de sucesso “é o facto de os pastores desta Igreja serem ciganos”, adianta Francisco Monteiro, conferindo uma identificação. Independentemente do conteúdo da liturgia, esta Igreja “teve uma influência enorme junto dos ciganos porque os levou a retomar valores na sua vida”. Mas a Igreja Evangélica de Filadélfia de Portugal, deve dar mais atenção à parte social, porque “evangelizar sem atender aos aspectos sociais é uma evangelização muito curta”. Nas palavras de Paulo VI “os ciganos estão no coração da Igreja”, aponta Francisco Monteiro. Desde essa altura, que a Santa Sé criou a pastoral dos ciganos, considerando que estes precisavam de uma pastoral específica. Em Portugal desde 1972 que a Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos apoia e conhece o trabalho desenvolvido posteriormente em algumas dioceses e paróquias. Este trabalho revela “atenção e respeito pelos ciganos”. No entanto, “a Igreja não pode demitir-se de tratar deles”. Há um caminho conjunto a fazer, mas “pois a Igreja não é cristã enquanto houver alguém, de que minoria for, que não for acolhido”.

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