D. Manuel Clemente destaca importância de valorizar contributo dos mais velhos
Lisboa, 11 jun 2020 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Manuel Clemente, lamentou hoje que o Parlamento tenha regressado à discussão da legalização da eutanásia.
“A nossa posição é a mesma. A vida é um todo e tem de ser respeitada como um todo, como nós dizemos, da conceção à morte natural”, referiu o cardeal-patriarca, em declarações aos jornalistas depois da celebração da solenidade do Corpo de Deus, na Sé de Lisboa.
A posição surge depois do regresso das reuniões do grupo de trabalho que vai tratar o assunto na especialidade, procurando um texto de consenso os cinco projetos aprovados na generalidade, em fevereiro.
“Falamos de cuidados paliativos e é muito importante e estão muito longe de cobrir toda a nossa rede de saúde. É muito importante que se alargue, mas paliativo quer dizer ‘o que acolhe, o que envolve’ e é a sociedade, somos nós próprios que nos temos de tornar paliativos para que ninguém sinta vontade de se ir embora, mas pelo contrário, com a ajuda médica e com a presença dos seus familiares, dos seus amigos e até da sociedade como um todo, consigam superar essa situação e viver humanamente os últimos momentos da sua vida”, assinalou o presidente da CEP, numa intervenção citada pela Rádio Renascença.
O responsável católico associou-se ainda às preocupações manifestadas no discurso do 10 de Junho pelo cardeal D. José Tolentino Mendonça.
Segundo D. Manuel Clemente, os idosos “sofreram particularmente, porque muitas vezes já estão isolados, mas estão sempre ansiosos por ver a família, por ver os filhos, por ver os netos e agora ficaram privados disso tudo”.
“A dor foi maior e temos de os olhar com mais atenção, não só durante a pandemia e quando ela passar, que há de passar, mas depois também – como dizia ontem o cardeal Tolentino e subscrevo inteiramente -, olhando mais para o papel que as pessoas mais idosas e com experiência de vida acumulada têm na sociedade”, alertou o cardeal-patriarca.
D. Manuel Clemente abordou ainda os impactos financeiros da pandemia nas paróquias, admitindo que este é “um problema e um grande problema”.
O presidente da CEP saudou ainda o esforço dos católicos nas várias organizações da Igreja, como a Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), que procuram “reduzir ao mínimo todos os estragos que uma crise destas pode trazer”.
O responsável católico considerou positiva a resposta das autoridades de saúde e governamentais perante uma “situação imprevista”.
“Atendendo ao inédito da situação, só posso elogiar o que tem acontecido de maneira geral desde o primeiro momento da parte das autoridades a todos os níveis”, afirmou D. Manuel Clemente.
OC