Igreja/Sociedade: Fundação Fé e Cooperação celebra 30 anos reforçada em «promover o desenvolvimento humano integral»

Susana Réfega afirma que continuam a «acreditar profundamente na dignidade da pessoa humana»

Foto FEC

Lisboa, 13 mar 2020 (Ecclesia) – A diretora-executiva da fundação católica Fé e Cooperação (FEC) afirmou hoje que “promover o desenvolvimento humano integral” continua a fazer todo o sentido, em Portugal e nos países lusófonos, no dia em que comemoram 30 anos de missão.

“A nossa missão continua atual, continuamos focados, embora o contexto seja diferente, o tipo de respostas e de intervenção é que é diferente: Acreditar profundamente na dignidade da pessoa humana e, por outro lado, que o desenvolvimento é multidimensional e é integral e não pode ser nem só económico, nem só social, e não pode abstrair do planeta, isso continua muito atual”, disse Susana Réfega, em declarações à Agência ECCLESIA.

A organização não-governamental de cooperação e desenvolvimento (ONGD) foi fundada há 30 anos pela Conferência Episcopal Portuguesa, pela Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e Federação Nacional dos Institutos Religiosos (FNIS).

Atualmente, a Fundação Fé e Cooperação desenvolve a sua missão em Portugal, Guiné Bissau, Angola e Moçambique e são “todos muito desafiantes por razões diferentes”.

“Os contextos estão a mudar a uma velocidade grande. Há países onde o desafio, infelizmente, como é o caso da Guiné, volta a ser a instabilidade política, como trabalhar num contexto de instabilidade, há outros como Angola e Moçambique onde as questões podem ser mais económicas ou espaço de expressão para a sociedade civil”, desenvolveu.

O que é comum é que acreditamos que se a sociedade civil e a Igreja tiverem um papel mais forte quer na denúncia, quer na resposta às questões sociais, o país a longo prazo irá ser reforçado”.

Em Portugal, explica, “o contexto vai evoluindo” e se há 10 anos o trabalho “não era tão percetível” porque se fazia “uma grande separação entre o cá e o lá”, hoje “é mais fácil passar a mensagem” quando estão nas escolas a falar das alterações climáticas ou violência no namoro “enquanto relações interpessoais e direitos humanos e respeito um pelo outro”.

Três décadas após a fundação da FEC, a diretora-executiva sublinha que “os desafios são diferentes, a forma de trabalhar é diferente” e a consciência dos cidadãos, relativamente aos problemas que estão a trabalhar, também é diferente.

“A própria digitalização leva a novas formas de trabalhar e temos de ser mais flexíveis e ter outra forma de olhar para os problemas: Se há 10 ou 15 anos estávamos muito numa lógica de respostas às necessidades mais fundamentais, hoje continua a ser premente em muitos contextos, mas as questões têm outra complexidade e as respostas têm de ser diferentes”, observou.

Neste contexto, Susana Réfega adiantou que o que os parceiros pedem também “é diferente hoje”, isto é, cada vez mais “um trabalho em conjunto” que “reforce” as organizações para que sejam autónomas para fazer o seu trabalho.

“Destacaria nestes 30 anos a noção de caminho. Tudo tem sido feito com os nossos parceiros, nos países onde trabalhamos, e isso para nós é muito importante, não queremos fazer projeto sozinhos ou levar a cabo iniciativas que depois não continuam no tempo”, realça a entrevistada.

Recordando o provérbio africano “se quiseres ir depressa vai sozinho, se quiseres ir longe vai com outros”, a diretora-executiva da FEC assinala que o caminha da ONGD na educação, nos Direitos Humanos e na saúde tem sido sempre um caminho “em conjunto que dá consistência e apostar nas pessoas”, trabalhar com quem possa “fazer a diferença nos seus contextos locais”, para além de irem para “os sítios onde é menos provável estar a trabalhar”.

Quanto ao futuro da Fundação Fé e Cooperação, afirma que veem, cada vez mais, uma mudança no tipo de trabalho que “é menos de resposta a necessidades básicas” mas em “mudanças mais estruturais, que se prendem com as causas fundamentais da pobreza, da justiça social”, com os parceiros, a sociedade civil e a Igreja.

“Cada vez mais, um trabalho de olhar para as políticas e tentar influenciar para que sejam mais justas, olhar para as causas da pobreza e trabalhar com os organismos vivos dos países para que possam ser transformadores de uma mudança a longo prazo”, realça.

A FEC foi fundação a 13 de março de 1990, e a sua diretora-executiva destacou que têm “a sorte” de fazer anos no dia em que o Papa Francisco foi eleito há sete anos (2013).

“Vem-nos confirmar profundamente naquilo que é a nossa missão, tivemos essa bênção e ainda nos sentimos mais fortes e com vontade de continuar”, acrescentou Susana Réfega.

CB/PR

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