Igreja/Sociedade: «Escutismo sem religião não existe», diz presidente da Conferência Internacional Católica (c/fotos)

Portugal acolheu conferência mundial com 60 associações dos cinco continentes

Fátima, 15 nov 2021 (Ecclesia) – Georges Ghorayeb, presidente da Conferência Internacional Católica do Escutismo – CICE, disse à Agência ECCLESIA que a realidade escutista inclui a dimensão religiosa, imprescindível para o movimento.

“O escutismo sem religião não existe, o escutismo deve caminhar com a religião. A Promessa, a Lei e os Valores do escuteiro partem da religião”, indicou o responsável, que participou entre quinta-feira e domingo na Conferência Mundial da CICE, em Fátima.

O evento trouxe a Portugal 60 associações católicas de escuteiros espalhadas pelos cinco continentes.

“Seguimos a encíclica ‘Fratelli Tutti’, estamos abertos a todos, e o Evangelho diz que devemos estar abertos a todos, somos irmãos de todos os outros escuteiros, somos irmão de todos e a humanidade são todos os que caminham na terra”, assinala Georges Ghorayeb.

O responsável destaca o trabalho que é feito na relação entre judeus, muçulmanos e cristãos para “gerar um mundo melhor”, no Movimento Escutista.

D. Joaquim Mendes, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, marcou presença no evento e destacou à Agência ECCLESIA que o Corpo Nacional de Escutas (CNE) em Portugal tem na fé católica uma “marca” identitária, que gera dinamismos de “transformação da humanidade”.

“A casa do Escutismo é a comunidade cristã, tem esta ligação às comunidades. Neste caminho sinodal, tem um contributo a dar”, acrescenta o bispo auxiliar de Lisboa.

Durante o evento, o responsável deixou ainda o convite a todos para participarem na próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude, que se vai realizar em Lisboa, de 1 a 6 de agosto de 2023.

Ivo Faria, chefe nacional do CNE, destaca a necessidade de viver um “movimento evangelizador”.

“O nosso objetivo fundamental é que as nossas crianças e os nossos jovens não sejam apenas agentes ativos nas suas comunidades num futuro longínquo, mas que o sejam já hoje. Faz parte do desenvolvimento e da aprendizagem estar na comunidade”, precisa.

As associações do escutismo católico aprofundam também o diálogo e a construção de um escutismo assente no diálogo inter-religioso, contando com a presença do presidente do Fórum Internacional do Escutismo Judaico.

Alain Silberstein considerou “apaixonante” ouvir os vários testemunhos e desafios, nos quais disse “perceber a força e o dinamismo da educação católica e dos desafios que se colocam aos vários países e regiões”.

“O equilíbrio e a tensão educativa é magnífica e faz-se entre o ser católico e desenvolver a amizade com os outros, é o fundamento do diálogo entre as religiões”, prossegue.

Foto: CNE

O congresso debateu sobre um documento atualmente em preparação, para abordar a ‘Visão Católica da religião e das religiões no Escutismo’, que visa clarificar a dimensão religiosa no movimento escutista mundial.

Padre Luís Marinho, assistente nacional do CNE, sublinha que não se pode “menosprezar ou esquecer a dimensão religiosa” na educação integral das crianças e jovens.

“A dimensão religiosa é uma dimensão constitutiva da pessoa humana. A verdade é que nós hoje assistimos, no mundo, a alguns equívocos e confusões sobre o que é religião, espiritualidade, interioridade”, aponta.

O Congresso Mundial do Escutismo Católico acolheu também novos membros, como a Guiné-Bissau, onde 90% dos escuteiros são católicos.

Jailson Fernandes Cabral, chefe do Corpo Nacional dos Escuteiros da Guiné-Bissau, admite que o movimento vive com “muitas dificuldades”, pela situação no país lusófono.

“O Escutismo ergueu-se no sentido de ajudar os jovens a professar a sua fé, a ter oportunidades, a criar inovação, a permitir a inclusão social de todos”, indica.

A reportagem na Conferência Mundial da CICE vai estar em destaque, esta terça-feira, na emissão do Programa ECCLESIA (RTP2, 15h00).

HM/OC

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