Igreja/Sociedade: Bispo de Aveiro incentiva ao «cuidado pelos últimos e frágeis», mais afetados pela crise

D. António Moiteiro fala em necessidade de «renovação» nas comunidades católicas

Aveiro, 09 set 2020 (Ecclesia) – O bispo de Aveiro afirma que a pandemia desafia as comunidades católica à “renovação”, numa carta pastoral onde pede “reflexão e mudança de atitudes e de comportamentos”, incentiva à solidariedade e partilha “desafios” pelo início do ano 2020/2021.

“Uma das grandes forças da Igreja ao longo dos séculos tem sido justamente esta capacidade de renovação e exercício da misericórdia”, afirma D. António Moiteiro na carta pastoral publicada online.

O bispo de Aveiro observa que todos estão a sofrer com a pandemia de Covid-19, mas as camadas sociais vulneráveis “são as que mais sofrem”, nomeadamente os idosos nos lares mais fragilizados, alertando para o aumento do número de pessoas em situação de miséria, perda de emprego, falência de empresas, ausência de condições para se precaver contra o contágio.

A Igreja continuará a ser interpelada no seu cuidado pelos últimos e frágeis da nossa sociedade. Sabemos que não podemos cuidar de todos, mas podemos cuidar de quem está perto. É preciso incentivar as comunidades ao cuidado com a própria vida e com a vida do próximo”.

O bispo de Aveiro assinala que se instalou “uma crise económica, social e sanitária”, causada pela pandemia, na qual “podem aflorar doenças psicológicas, distúrbios, desequilíbrios afetivos e emocionais”, por isso, incentiva a estar “atentos e solícitos com estas realidades”.

“Há que partilhar, não só o que sobra, mas também o que é necessário”, realça, pedindo que haja ajuda “entre paróquias que têm melhores condições económicas e aquelas menos favorecidas, entre irmãos que têm condições melhores e os que não têm”.

Na carta pastoral ‘tempo novo carece de renovação’, o bispo de Aveiro partilha seis “desafios” que todos devem ter presentes neste início de ano pastoral 2020/2021 e começa por pedir o “cumprimento das normas” da Conferência Episcopal Portuguesa e da Direção Geral de Saúde “para estes tempos de pandemia”.

Sobre o início do ano pastoral, D. António Moiteiro propõe que seja feito em todas as paróquias nas Eucaristias dos dias 3 e 4 de outubro, através de um gesto que será proposto a toda a diocese.

A celebração da fé em comunidade é fundamental para o ser cristão. Em comunidade crescemos na fé e não tenhamos medo, mesmo com algum sacrifício, de participar na Eucaristia dominical com os outros membros da comunidade cristã”.

O bispo de Aveiro, que é também o presidente da Comissão Episcopal Educação Cristã e Doutrina da Fé, adianta que a catequese deve ter início algumas semanas após a abertura do ano escolar aulas, e este regresso às aulas pode ajudar as atividades catequéticas e de formação.

A catequese presencial “deve ser a forma normal de organização” mas onde não for possível “o ritmo semanal por falta de espaços” que cumpram as normas sanitárias, propõe que alternem semanalmente “a catequese com a Eucaristia”, e sobre a celebração dos sacramentos informa que se devem inserir “no ritmo de vida das comunidades cristãs”.

“A vida cristã deve inserir-se no “anormal” do quotidiano que estamos a viver”, explica D. António Moiteiro, destacando que, “neste momento histórico”, não podem “pensar no ‘fez-se sempre assim’”.

Na nota pastoral publicada no sítio online da Diocese de Aveiro, o bispo analisa que, ao longo dos tempos, “a sociedade se considerou autossuficiente, querendo construir um projeto de sociedade sem Deus”, mas o tempo presente “a todos pede aprofundada reflexão e mudança de atitudes e de comportamentos” e a pandemia atingiu o mundo de “forma intensa, desfez ou adiou projetos”.

“O cenário ainda continua sombrio, mas a narrativa dos discípulos de Emaús dá-nos a certeza de que nas noites escuras da vida e da história o Senhor permanece connosco e caminha connosco”, acrescenta, afirmando que “a fé não esmoreceu os cristãos, porque o pânico e o medo não vêm de Deus”.

CB/OC

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