«Para Cristo estar e atuar na cidade, tem de habitar antes de mais na casa dos seus discípulos e familiares», frisa D. Manuel Clemente
Porto, 18 abr 2011 (Ecclesia) – O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, afirmou este domingo na sé da diocese que “o mais importante e inadiável” da Semana Santa é fazer um “grande silêncio” de meditação sobre a narrativa bíblica da morte de Jesus.
Na homilia, enviada à Agência ECCLESIA, o prelado sugeriu aos cristãos que releiam aquele excerto, detendo-se “nalgum passo mais certeiro” para o momento atual das suas vidas, ao mesmo tempo que realizam “exercícios de oração, penitência e caridade”.
“A Semana será ‘santa’ se realmente for de Deus”, sublinhou Manuel Clemente na eucaristia que marcou o início do período mais importante para o cristianismo, a terminar neste domingo com a celebração da Páscoa.
O bispo do Porto pediu aos fiéis que tenham “disponibilidade”, especialmente neste período de “conversão e graça”, e alertou-os para os riscos das “distrações e imediatismos” que podem enfraquecer a vivência espiritual deste tempo.
“Haverá certamente ocasião para encontros familiares e festivos, especialmente no Domingo de Páscoa e na sua oitava. Mas, para um cristão, a festa é Deus quem a faz”, assinalou.
Para Manuel Clemente, a ação dos católicos deve começar “em casa”, palavra que atribuiu ao domicílio e à interioridade espiritual: “Para Cristo estar e atuar na cidade, tem de habitar antes de mais na casa dos seus discípulos e familiares”.
“Em relação a todos nós, herdeiros do Evangelho há tantos séculos, significa recebê-lo e praticá-lo ainda mais, em caridade ativa, solidariedade reforçada e disponibilidade permanente”, vincou o responsável pela relação da Igreja Católica com a cultura, bens culturais e comunicações sociais.
A caridade, salientou, deve ser entendida para além da “confessionalidade estrita”, dado que a Bíblia “é património comum do povo inteiro e a oferta de Jesus não tem fronteiras, revelando-se especialmente fecunda em tempos críticos, quando outras referências já não bastam”.
O prelado referiu-se às “problemáticas e contradições” vividas pela população, lembrando que “muitos intensamente sofrem, material, social e espiritualmente falando, sem enxergar sequer como sair” dessas dificuldades.
“‘Celebrar a Páscoa em nossa casa’ exige continuá-la em toda a vida, transformando-a em convivência aberta e inclusiva, da família à vizinhança praticada e alargada, mais e mais”, realçou Manuel Clemente.
O “domingo de Ramos na Paixão do Senhor” deve o nome à procissão com ramos de oliveira ou de outras árvores realizada antes do início das missas, evocando a narrativa bíblica da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, dias antes de ser morto.
A Semana Santa (também denominada Semana Maior), a última da Quaresma, termina com o Tríduo Pascal, que inclui as celebrações evocativas das seguintes narrativas bíblicas referentes a Jesus: última ceia (quinta-feira Santa), morte (sexta-feira Santa) e ressurreição (Vigília Pascal e missa do dia de Páscoa).
RM