Cardeal apresentou cinco tarefas sobre a felicidade ao Congresso Português de Cardiologia
Lisboa, 01 mai 2021 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça disse que “o coração é uma das mais poderosas metáforas humanas” no Congresso Português de Cardiologia, onde refletiu sobre ‘Caminhos de felicidade no mundo contemporâneo’, tema que podia este “em contramão” numa pandemia.
“A derrota infringida por esta pandemia seria maior se nos afundar como sociedades e como indivíduos num pessimismo sem retorno. Se a incerteza instalada se sobrepuser à confiança fundamental na arquitetura da vida e na sua sementeira”, explicou o cardeal português, esta sexta-feira, na sessão de abertura do Congresso Português de Cardiologia.
D. José Tolentino Mendonça observou que ‘caminhos de felicidade no mundo contemporâneo’ é se quisessem “um tema em completa contramão” porque a “dramática experiência” da pandemia Covid-19 faz “o vento soprar noutro sentido” e a sobrevivência é “o grande combate” das sociedades hoje.
“É importante que se fale de caminhos, a felicidade é um dom mas também é uma conquista, supõe que ousemos caminhos, que maturemos escolhas, que invistamos na paciente construção de competências. A felicidade pede-nos uma verdadeira aprendizagem da qual, efetivamente, falamos pouco”, desenvolveu.
Segundo o orador, a pandemia tornar-se-ia “uma capitulação” se as pessoas se tornassem “descrentes da vida, cínicos em relação ao mundo”, e dissidentes da “expectativa justíssima que cada um tem em relação à felicidade”.
O arquivista e bibliotecário da Santa Sé realçou que a história “é mais feita de vírgulas do que pontos finais” e destacou que quando o Papa Francisco, “a meio de uma terrível pandemia”, escreve a encíclica ‘Fratelli Tutti’ “faz um ato de fé nas possibilidades do ser humano”.
“Esta é a hora para ativar a nossa capacidade de sonhar e para relançar os nossos sonhos”, salientou.
Na intervenção transmitida online, D. José Tolentino Mendonça enumerou cinco tarefas sobre a felicidade e, nesse “caminho de aprendizagem”, a primeira é “reconciliar-se com a vida”.
A segunda tarefa é “conjugar no presente, e muitas vezes,” o verbo nascer, seguida de outra que pode parecer “um quebra-cabeças, mas é muito mais simples”: “Dar o que não temos, e agradecer o que não nos dão”.
O cardeal português indicou que “cuidar” é a quarta tarefa, “mas cuidar mesmo” do que faz cada pessoa feliz, “por exemplo da alegria, que tem raízes no quotidiano” que é necessário identificar e trabalhar”, e a quinta e última “é descobrir que a felicidade já foi dada”, mas precisam “apenas de reconhece-la”.
O Congresso Português de Cardiologia (CPC), com o tema ‘Sinergias em cardiologia, ponte para o futuro’, começou esta sexta-feira e vai terminar domingo, dia 02 de maio.
D. José Tolentino Mendonça disse que falar num encontro de cardiologistas, uma assembleia profissional tão distinta da sua área de estudos, “deixa a sonhar” e lembrou, das primeiras aulas de Antropologia Bíblica, que aprendeu que “o coração tem um papel central nas culturas hebraica e cristã”.
“A palavra coração aparece nos textos bíblicos mais de mil vezes mas é curioso de observar que apenas 20% têm a ver com a dimensão fisiológica do coração, os outros 80% referem o coração como metáfora e símbolo; Não há dúvida, o coração é uma das mais poderosas metáforas humanas”, desenvolveu o arquivista e bibliotecário da Santa Sé.
CB
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