Dia da Mãe: Adotar um filho em Angola custou umas horas de prisão, mas foi a «melhor coisa» que aconteceu a Ana Pereira (c/vídeo)

Vitor é um «filho do coração» que nasceu da experiência de missão onde acompanhou a gravidez de uma menina deficiente que foi violada

Leiria, 01 mai 2021 (Ecclesia) – Ana Pereira fez uma experiência de missão na Diocese de Sumbe, em Angola, onde adotou um filho, o Vítor, após ter acompanhado uma gravidez fruto de uma violação de uma menina deficiente.

“Este filho é a melhor coisa que me aconteceu na minha vida”, disse à Agência ECCLESIA a mãe do Vitor, que teve de ultrapassar dificuldades para dar seguimento ao processo burocrático de adoção, em Angola, onde chegou a ser presa por causa de ter consigo o filho.

Apesar de ser conhecida na Diocese de Sumbe, onde a Diocese de Leiria-Fátima desenvolve um projeto de missão dinamizado pelo Grupo Ondjoyetu, Ana Pereira foi abordada por um cidadão angolano que a interrogou sobre o seu filho.

“O que é que faz uma mãe tão branca com um filho tão preto? Vou entregar-te à esquadra”, foi a abordagem que fizeram a Ana Pereira, que lhe custou mais de três horas de prisão.

Vitor é filho adotivo de Ana Pereira, que partiu para Angola para fazer uma experiência de missão após ter terminado o curso de engenharia, em 2008, onde esteve um ano e nove meses.

Convicta de que “o trabalho na missão nunca acaba”, a voluntária missionária decidiu partir novamente em 2011 e, em 2013 um dos catequistas da missão, que tinha uma menina que era doente mental, foi violada e ficou grávida.

“Eu, com a ajuda do padre Vitor, que era ao diretor da missão na altura, decidimos apoiar aquela gravidez e permitir que a menina tivesse uma gravidez o mais acompanhada possível”, recorda.

Ana Pereira acompanhou a gravidez sem imaginar que iria adotar o Vítor, mas sentindo “um amor muito grande” pela criança que estava a crescer, certa de que a sua missão era ajudar a mãe e fazer tudo “para o bem dos dois”.

Após o nascimento, Ana Pereira  sentiu o desejo de adotar o Vítor, julgando que não tinha o “direito de pedir uma coisa destas”; e os avós que cuidavam da criança, tinham o desejo de o entregar à jovem missionária, pensando também que não podiam pedir.

O encontro de vontades aconteceu em terras de missão e Ana Pereira iniciou um “processo demorado” de tratar legalmente a adoção do Vítor, que chegou a Portugal quando tinha dois anos e dois meses

“Este filho é a melhor coisa que me aconteceu na vida”, afirma Ana Pereira, certa de que em Portugal o Vítor tem melhores condições para a necessária educação e para os cuidados de saúde que possa precisar.

Natural da Diocese de Leiria-Fátima, a mãe do Vitor manifesta-se grata por toda a família ter acolhido o seu filho.

“Sempre foi tratado como se fosse filho da minha barriga”, afirma Ana Pereira, garantindo que o Vítor “nasceu do coração”.

“Não consigo ver onde é que eu podia gostar um bocadinho mais dele do que eu gosto”, afirma

Atualmente, Ana Pereira namora com Hélder Fragoso, que o Vítor vê como “um pai”, que acompanha a namorada neste projeto de maternidade.

“Conheci a Ana há três anos e mais tarde vim a saber que ela tinha este diamante. Gosto muito dele. É um menino muito querido! Acho que é o filho que todos os pais gostariam de ter”, afirmou Hélder Fragoso.

“Sonhamos dar ao Vítor uma família com estabilidade, que ele tanto merece, e dar-lhe um irmão, que ele tanto pede”, afirmam.

Ana Pereira e a sua história é uma das reportagens que vai estar em destaque, com mais três experiências de maternidade, no programa ‘70×7’, dia 2 de maio, às 16h25, na RTP 2.

A Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF), da Igreja Católica em Portugal, enviou uma mensagem às mães do país, intitulada ‘A arte de ser mãe’, evocando as situações de luto e a crise provocada pela pandemia.

PR

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