Responsável nacional admite que muitas pessoas «não voltaram», após a pandemia
Fátima, 19 set 2022 (Ecclesia) – O coordenador do Renovamento Carismático Católico Portugal disse à Agência ECCLESIA que o movimento de evangelização tem o desafio, após a 45ª Assembleia Nacional, de “resgatar” os grupos de oração e pessoas que ainda não regressaram, e “tocar mais a juventude”.
“Agora é resgatar muitos que não voltaram, uns com medo, outros envolveram-se noutras atividades, mas ir resgatar pelo menos os que conhecemos e sabemos que não viveram. Depois ir mais longe, o desafio das jornadas [JMJ Lisboa 2023], tocar um bocadinho mais a juventude, poder chegar a outras franjas, à periferia, porque temos capacidade disso pela alegria, pelo entusiasmo, pela pregação querigmática”, explicou José Luís Oliveira, este domingo, em Fátima.
Segundo o coordenador nacional do Renovamento Carismático Católico (RCC) Portugal, o movimento chega a pessoas com “30, 40 anos de idade, já casados, já com filhos”, mas quer envolver outros mais novos.
Os responsáveis nacionais convidaram o presidente do RCC Brasil para partilhar a experiência do movimento com os jovens, o qual deixou algumas orientações, como nas assembleias terem “espaço para crianças”, alguém que fique com elas, para além de atividades próprias.
Em declarações à Agência ECCLESIA, Vinícius Simões destacou que “há uma expressão juvenil muito forte no RCC Brasil”; no verão fazem “atividades de evangelização no litoral, arrastões anunciando o amor de Deus”, onde “o jovem evangeliza o jovem”, o que faz “toda a diferença”.
“Portugal estará, no ano que vem, com a Jornada Mundial da Juventude, é uma grande oportunidade, para o rejuvenescimento não só da Igreja portuguesa mas para a Igreja do mundo inteiro que vai voltar o seu olhar para Portugal no verão de 2023”, acrescentou.
O presidente do RCC Brasil salienta que têm sempre uma delegação nas Jornadas Mundiais da Juventude e na edição portuguesa não vai ser diferente, “há muitos jovens engajados, vendendo doces, vendendo o que tem, para vir a Portugal no ano que vem”.
Segundo Vinícius Simões, no Brasil o RCC tem “15 mil grupos de oração” nas 279 dioceses, “não há uma diocese que não tenha grupo de oração”.
O Movimento Renovamento Carismático Católico (RCC) em Portugal reuniu 1600 pessoas na sua 45ª Assembleia Nacional, entre sexta-feira e este domingo, no auditório Paulo VI, do Santuário de Fátima.
“É uma festa de reencontro, muitos grupos fecharam, muitos grupos perderam gente, e este encontro nacional é uma expressão de comunhão de tudo o que é grupo de oração, o que são equipas diocesanas, é a expressão máxima. É uma marca que nos une e para nós era fundamental, passamos por muitas tristezas, muitos desânimos, muitas derrotas, e esta era o momento de celebrarmos este triunfo como diz a carta de São Paulo”, desenvolveu José Luís Oliveira.
O tema deste encontro foi tirado da segunda carta de São Paulo aos Coríntios: “Mas graças sejam dadas a Deus, que, em Cristo, nos conduz sempre em seu triunfo e, por nosso intermédio, difunde em toda a parte o perfume do seu conhecimento. Porque somos para Deus o bom odor de Cristo”.
“Virmos celebrar este bom odor, este bom perfume de Cristo, é uma assembleia muito viva, muito dinâmica. As pessoas estão a vivê-la com muita intensidade, com muito entusiasmo e sair daqui com novo ardor, novo empenho para os seus grupos de oração, e obviamente vai refletir na sua vida pessoal, na sua vida paroquial, na sua vida profissional”, acrescentou o coordenador nacional.
D. Nuno Almeida, bispo auxiliar da Arquidiocese de Braga, participou esta semana num encontro do RCC na diocese, de apresentação ao novo arcebispo, num “momento de contemplação”, uma vez que “cada pessoa acrescentava sempre” alguma coisa por “ter encontrado num determinado momento o Renovamento Carismático” e “não era uma frase feita”.
“Percebemos no dia-a-dia que aqueles grandes temas da nossa fé, os grandes temas do Evangelho, muitas vezes são proclamados, mas nem sempre são vividos, são interiorizados, e um grupo de oração do renovamento, ou um outro movimento, permite fazer a experiência, permite um caminho em conjunto mas deixando-se guiar pelo espírito, sentido a presença de Cristo Ressuscitado”, referiu o responsável católico à Agência ECCLESIA, antes da Missa de encerramento da assembleia. |
O padre Nuno Antunes, assistente nacional, salientou que um grupo do RCC “é um grande alicerce, um fundamental alicerce” na Igreja, da presença orante da Igreja “junto do Senhor que não pode acabar nunca, tem que estar sempre presente”: “É uma medida que não conseguimos medir de facto, uma medida sem limite”.
“Aos grupos de renovamento pede-se sempre o mais difícil, a pastoral mais difícil em todas as paróquias. Temos ‘obrigação’, enquanto Renovamento Carismático, de estar muito presentes na atenção e cuidado com os homens. Uma oração encarnada e, às vezes, é uma oração que nos crucifica juntos dos irmãos que sofrem, este é o caminho do renovamento e tem de continuar a ser, como o Papa Francisco constantemente pede”, desenvolveu o sacerdote da Diocese do Porto.
O Renovamento Carismático Católico, que em 2017 celebrou o seu 50.º aniversário, visibiliza-se em grupos de oração e em novas comunidades; em Portugal “esta presença poderosa e eficaz do Espírito Santo manifestou-se” a 6 de novembro de 1974.
O RCC nasceu durante um retiro de estudantes da Universidade Duquesne de Pittsburgh (Pensilvânia, EUA), realizado de 17 a 19 de fevereiro de 1967, e está presente em mais de 200 países com mais de 120 milhões de membros.
CB/OC