Igreja pressiona Bispo brasileiro a abandonar greve de fome

Vários responsáveis da Igreja Católica no Brasil visitaram esta Terça-feira o Bispo Luiz Flavio Cappio que, desde o passado dia 27 de Novembro se encontra em greve de fome, protestando contra um projecto de desvio do Rio São Francisco, o terceiro do país. Já em 2005 o Bispo tinha tomado esta atitude, tendo abandonado a greve após um compromisso governamental de submeter o projecto a debate público. Agora retoma a greve por se dizer “enganado”. Representantes da Conferência Episcopal Brasileira (CNBB) estiveram reunidos com o prelado, à porta fechada, numa visita classificada como “de solidariedade”. Os bispos do Regional Nordeste III da CNBB pedem que D. Cappio “dê outro rumo à sua luta”, sugerindo “um jejum itinerante e fiel à tradição católica, percorrendo as comunidades ribeirinhas, estimulando-as a fazer um dia de jejum, acompanhado de oração e caminhada penitencia”l. “Dessa maneira, poderá superar o isolamento que hoje reduz o significado da sua luta e adquirir novas forças para continuar lançando pontes para o diálogo em direcção a toda a Igreja e à sociedade”, referem os Bispos. Em entrevista ao jornal BATV, da Rede Globo de Salvador, o Cardeal Geraldo Majella, Primaz do Brasil, disse deixar à consciência de D. Cappio a decisão de suspender a greve de fome. Em Brasília, o secretário-geral da CNBB, D. Dimas Lara Barbosa, recebeu lideranças da Via Campesina e do Fórum Nacional de Reforma Agrária e Justiça no Campo que lhe entregaram uma carta de apoio a D. Luiz Cappio e propuseram um encontro com Governo a fim de se estabelecer diálogo sobre a questão. No projecto de transposição, o governo federal pretende bombear parte da água do rio São Francisco (cerca de 1%), para beneficiar moradores do semi-árido dos Estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde vivem 12 milhões de pessoas. O rio São Francisco é o terceiro maior do Brasil, atravessando 5 Estados do Nordeste: possui 3163 quilómetros quadrados de extensão e sua bacia tem 640 mil quilómetros quadrados de área, o que equivale a sete vezes o território de Portugal continental.

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