Igreja/Portugal: Bispos lamentam «desigualdades gritantes» e pedem apoio para migrantes

Conferência Episcopal manifesta disponibilidade de instituições católicas para colaborar com o Estado

Fátima, 11 abr 2024 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) alertou hoje para as desigualdades na sociedade e pediram mais apoio para os migrantes no país.

“A Assembleia refletiu sobre a complexidade social em que vive a sociedade portuguesa, com desigualdades gritantes, crises sucessivas e níveis da pobreza em crescimento, agravando as já difíceis condições de vida das famílias”, refere o comunicado final da reunião plenária, que decorreu desde segunda-feira, em Fátima.

Os bispos aludem à realidade dos migrantes que chegam ao país “em busca de uma vida melhor” e a dificuldade das instituições em dar “uma resposta adequada ao seu acolhimento e inclusão”.

“A Assembleia reconhece que é necessário ir além das respostas de emergência”, indicam os responsáveis.

A Igreja, que tem instituições com larga experiência no acolhimento, proteção, promoção e inclusão de migrantes e refugiados, manifesta a sua disponibilidade para cooperar com os organismos estatais, a quem compete a construção de um plano que contribua para criar condições justas e dignas da vida dos milhares de imigrantes que chegam a Portugal”.

Foto: Lusa

D. José Ornelas, presidente da CEP, destacou em conferência de imprensa os “sérios problemas” que enfrentam as Instituições de Solidariedade,

“Precisamos de nos organizar para que esta parceira com o Estado possa ser mais eficaz”, centrando atenções nas “pessoas mais vulneráveis”, referiu aos jornalistas.

O comunicado da 209.ª Assembleia Plenária da CEP adianta que os participantes analisaram o relatório da segunda fase do processo sinodal, lançado pelo Papa Francisco, “tendo em conta os contributos enviados pelas dioceses e por outros grupos eclesiais”.

O documento vai ser remetido para a Secretaria-Geral do Sínodo (Santa Sé), até 15 de maio.

O presidente da CEP anunciou que o padre Sérgio Leal, da Diocese do Porto, e o padre Adelino Guarda, da Diocese de Leiria-Fátima, vão representar a Igreja Católica em Portugal no encontro mundial de párocos que vai decorrer entre 28 de abril e 2 de maio, na ‘Fraterna Domus’, em Sacrofano, arredores de Roma.

Esta é uma iniciativa de escuta, oração e discernimento promovido pela Secretaria-Geral do Sínodo e pelo Dicastério para o Clero, da Santa Sé.

D. José Ornelas admitiu ainda, em resposta a uma questão sobre atrasos nas nomeações episcopais, a necessidade de “mudanças” nos processos, com maior participação dos leigos, como tem sido pedido no atual processo sinodal.

“Tem de haver, realmente, um processo de comunhão”, afirmou.

A Assembleia ultimou os detalhes da visita ad Limina Apostolorum dos bispos portugueses a Roma (20 a 24 de maio), “momento que se reveste de especial importância pela comunhão com o Santo Padre e os organismos da Igreja universal”.

A nota anuncia ainda a recondução do padre Miguel Lopes Neto (Diocese do Algarve) como diretor nacional da Pastoral do Turismo – Portugal e a nomeação do padre Miguel Ângelo Oliveira Costa (Arquidiocese de Braga) como coordenador das Capelanias Hospitalares e diretor nacional da Pastoral da Saúde.

OC

Notícia atualizada às 16h00

A CEP, entidade representativa da Igreja Católica em Portugal, foi formalmente reconhecida a seguir ao Concílio Vaticano II, em 1967, com a ratificação pela Santa Sé dos primeiros Estatutos aprovados na Assembleia Plenária de 16 de maio, revistos posteriormente em 1977, 1984, 1999, 2005 e 2023.

De acordo com o Direito Canónico, este é o agrupamento dos bispos das dioceses de Portugal que, sob a autoridade do Papa, “exercem em conjunto certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território”.

A Assembleia Plenária é o órgão colegial máximo da CEP.

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