Padre jesuíta convida a fazer percurso para «tirar o pano roxo» destes dias e encontrar os sentimentos de Jesus a caminho da ressurreição
Lisboa, 29 mar 2021 (Ecclesia) – O padre Vasco Pinto de Magalhães afirmou à Agência ECCLESIA o perigo que é separar a vivência da Quaresma e da Páscoa, fazendo esquecer que a celebração pascal começou logo depois da Quarta-feira de cinzas.
“O paradigma são as dores de parto e o nascimento – quando é que a criança começa a nascer? Até vir à luz, mas já lá estava a crescer. A Páscoa não começa agora, mas começa a acontecer no início da Quaresma, que é a preparação e a vivência pascal da nossa transformação”, conta o jesuíta em entrevista que vai acompanhar estes dias de Semana Santa, em que a Igreja vive e celebra a morte e o nascimento de Jesus.
O jesuíta aponta a importância de “tirar o pano roxo” destes dias de Semana Santa, que prefere designar de “Semana da Santa alegria”.
“Claro que também há lugar para a tristeza, para muitos sentimentos e reações (nestes dias) mas há também o perigo de termos separado a Quaresma da Páscoa. A Semana Santa precisa de ser entendida no seu conjunto e sobretudo na sua finalidade”, sublinha.
Para celebrar estes dias que, segundo a tradição cristã, antecedem a morte e a ressurreição de Jesus, o padre Vasco Pinto de Magalhães afirma a importância de perceber os sentimentos variados de Cristo e no percurso, encontrar a “alegria”.
O jesuíta lamenta que a palavra “alegria” se tenha desvirtuado e afastado do seu significado original, que remete para “vontade de viver, ânimo, estar de pé”.
“Alegria não significa contente, distraído ou divertido. A palavra alegria significa vontade de viver, ânimo, estar animado, estar de pé. Falo de uma santa alegria, mesmo para a Semana Santa, porque estou a falar de uma alegria limpa, uma alegria não superficial – não é um divertimento, mas a verdadeira alegria, que era a vida interior de Jesus Cristo, confiado no amor do Pai, confiado no sentido”, esclarece.
O padre Vasco Pinto de Magalhães indica que os sentimentos a que tradicionalmente se associam à Semana Santa “podem e devem vir”, mas nota que estes “não negam a verdadeira alegria” e convida a uma vivência dos próximos dias na “garantia do nascimento”, de um parto.
“Eu posso acompanhar a Semana Santa e a entrega de Jesus, e sentir a certeza de uma ressurreição que está a acontecer. Há dores, (mas) há uma garantia do nascimento, de uma nova luz”, enfatiza.
Ao longo da Semana Santa, a Agência ECCLESIA propõe pequenas reflexões do padre Vasco Pinto de Magalhães para encontrar a alegria nestes dias a partir dos gestos de Jesus.
LS