Igreja: Papa iniciou visita a Malta, com olhar sobre crise do Mediterrâneo e guerra na Ucrânia (programa)

Viagem evoca história cristã do território, marcado pela passagem do Apóstolo Paulo

Cidade do Vaticano, 02 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa iniciou hoje a sua primeira visita à ilha de Malta, onde permanece até domingo, levando preocupações com a crise de refugiados no Mediterrâneo e a guerra na Ucrânia.

Francisco chegou à ilha, que acolhe 36ª viagem apostólica do pontificado, cerca das 09h50 locais, (08h50 em Lisboa), após um voo de hora e meia, desde Roma; segundo o Vaticano, por motivos de segurança, “devido ao vento forte”, o Papa embarcou no avião com a ajuda de um elevador especial.

Ao chegar ao Aeroporto Internacional de Malta, Francisco foi saudado pelo presidente da República, George William Vella; duas crianças em trajes tradicionais ofereceram um ramo de flores.

Após a apresentação das respetivas delegações, a execução dos hinos e da Guarda de Honra, o presidente de Malta e a sua esposa acompanharam o Papa à Sala, tendo Francisco seguido em carro fechado e papamóvel até ao Palácio do Grão-Mestre em Valeta, para a visita de cortesia a George William Vella, e depois com o primeiro-ministro, Robert Abela, reeleito para liderar o Governo do país.

O percurso foi seguido por milhares de pessoas, junto à estrada, com bandeiras de Malta e do Vaticano.

A primeira das cinco intervenções programadas dirige-se às autoridades locais, representantes da sociedade civil e membros do corpo diplomático.

O programa de sábado prossegue noutra ilha, Gozo, onde o Papa vista o santuário mariano de Ta’ Pinu, destino de peregrinação dos católicos (cerca de 85% da população), acompanhado por D. Charles Scicluna, arcebispo de Malta, D. Anton Teuma, bispo de Gozo e o cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, de nacionalidade maltesa.

Na manhã de domingo, Francisco vai reunir-se de forma privada com os membros da Companhia de Jesus e depois, por volta das o8h30, dirige-se para a Gruta de São Paulo, em Rabat, um lugar simbólico para o Cristianismo, onde o Apóstolo desembarcou após um naufrágio no ano 60, dando início à cristianização da ilha.

Após acender uma lâmpada votiva, o Papa fará uma oração a São Paulo e vai saudar os 14 líderes religiosos presentes, bem como os doentes assistidos pela Cáritas local.

Pelas 10h15 vai ter início a Missa num dos maiores espaços abertos de Malta, a “Piazzale dei Granai” em Floriana, seguida da recitação do ângelus.

A viagem, com o mote ‘Trataram-nos com rara humanidade’, encerra-se no Centro Migrantes “João XXIII Peace Lab” em Hal Far, que recebe pessoas da Somália, Eritreia e Sudão, oferecendo assistência no campo dos direitos humanos, da justiça, da solidariedade e saúde.

Cerca de 200 migrantes participam no encontro, com início marcado para as 16h45; o centro, fundado pelo frade franciscano Dionísio Mintoff, em 1971, é hoje dirigido por uma organização voluntária.

Em 2021, quase dois mil migrantes desapareceram ou afogaram-se no Mediterrâneo – um aumento face aos 1401 em 2020, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações.

Segundo a instituição, o Mediterrâneo central é a rota de migração mais perigosa do mundo.

Foto: Site oficial da visita do Papa a Malta

D. Charles Scicluna disse ao portal de notícias do Vaticano que o Papa vai trazer uma mensagem de “reconciliação e misericórdia” para o coração do Mediterrâneo, “olhando para o mundo inteiro e especialmente para os irmãos e irmãs na Ucrânia.

A respeito da viagem, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, destacou a “dor” de Francisco perante a guerra na Ucrânia, pedindo a mesma onda de solidariedade para quem atravessa o Mediterrâneo, na tentativa de chegar à Europa.

Malta recebeu os Papas São João Paulo II, em 1990 e 2001, e Bento XVI, em 2010.

OC

Notícia atualizada às 09h40

Francisco fez até hoje 35 viagens internacionais, nas quais visitou 53 países, passando pelo Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba, Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão, Suécia, Egito, Portugal, Colômbia, Mianmar, Bangladesh, Chile, Perú, Bélgica, Irlanda, Lituânia, Estónia, Letónia, Panamá, Emirados Árabes Unidos, Marrocos, Bulgária, Macedónia do Norte, Roménia, Moçambique, Madagáscar, Maurícia, Tailândia, Japão, Iraque, Eslováquia, Chipre e Grécia (após ter estado anteriormente em Lesbos); as cidades de Estrasburgo (França), onde esteve no Parlamento Europeu e o Conselho da Europa; Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Budapeste (Hungria), para o encerramento do Congresso Eucarístico e Internacional.

Vaticano: Papa projeta encontro com «irmãos e irmãs em busca de refúgio» na ilha de Malta

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