Igreja: Padre Batalha, 50 anos de sacerdócio inspirados no Concílio Vaticano II

Sacerdote foi impulsionador da Fundação João XXIII – Casa do Oeste

Lisboa, 15 jul 2014 (Ecclesia) – O padre Joaquim Batalha celebrou 50 anos de sacerdócio com o Concílio Vaticano II (1962-1965) que inspirou a sua missão de pároco, até hoje, de sete paróquias, e como assistente da Ação Católica Rural, na Diocese de Lisboa.

“Senti que a minha presença missionária, da Igreja pastoral devia passar pela encarnação das pessoas na sua simplicidade de vida e por isso despi rapidamente o cabeção”, revela o padre Joaquim Batalha sobre a sua forma de estar e agir próxima das pessoas quando foi nomeado para a paróquia de Vila Chã de Ourique, em 1976.

“Não podemos estar no meio dos rurais com uma gravata em termos de não poder sujar” por isso, foi também “ajudar a trabalhar no campo” dentro das suas possibilidades acrescenta o sacerdote, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Foi assistente diocesano da Ação Católica Rural, nomeado pelo cardeal Cerejeira, um serviço que não era novidade, dado que o sacerdote nasceu “no berço da ação católica familiar”, com 11 irmãos.

«Ver, julgar e agir» é o método de revisão de vida da Ação Católica (AC), uma espiritualidade que os documentos pré-conciliares e do Concílio Vaticano II também ajudaram a viver.

O padre Joaquim Batalha conta que nas reuniões da AC foram “os grandes divulgadores” destes documentos, porque a “Igreja publicava” e “ficavam entre as livrarias”, com “os estudiosos” e “a gente simples, os leigos, tinham pouco acesso”.

“Havia muito acolhimento, nós fizemos muitas jornadas, muitos encontros com pessoas que nessa altura nos ajudaram muito no aprofundamento de temas e ai desenvolvemos muito o ensinamento da Igreja”, desenvolve.

Hoje com 75 anos, recorda que houve muitas dificuldades e não foi fácil conjugar a nova fase que a Igreja Católica vivia com o contexto político de Portugal.

“Vivi momentos de muita dor e quem me aparou foi realmente o cardeal Ribeiro, que recebeu muitas vezes lágrimas minhas”, continua o padre Joaquim Batalha.

“Foi um momento doloroso, mas muito rico. Não o vejo como negativo, antes como um processo da experiência religiosa normal”, afirma.

Segundo o entrevistado, a Fundação João XXIII – Casa do Oeste em Ribamar, Lourinhã, da qual é responsável, foi sonhada pelo padre Serrazina quando era assistente da AC com o objetivo de terem um local para as reuniões.

O centro foi iniciado em 1972 e tem como patrono o Papa João XXIII, que inspirou também a vocação do padre Joaquim Batalha, pela bondade, simpatia e pela “espiritualidade rural” presente na encíclica «Mater et Magistra», de 1961, que “tem uma parte significativa sobre a doutrina social ligada à ruralidade”, explica.

O trabalho realizado pela Fundação João XXIII ultrapassou fronteiras e desenvolve também a sua ação de solidariedade e missão na Guiné-Bissau, iniciado pelos militantes da Ação Católica que estiveram na Guerra do Ultramar.

Esta iniciativa tornou a Casa do Oeste “ mais viva” e “mais forte” porque “a riqueza de abertura a outros povos lhe deu solidez e há motivação”.

O padre Joaquim Batalha revê no Papa Francisco sinais de João XXIII: “Tem uma ousadia muito forte desta proximidade, quase todos os dias apresenta alguns gestos de novidade neste sentido de abertura, de proximidade, de encontro pessoal e muito direto que atrai as pessoas”.

HM/CB/OC

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