Fundação Fé e Cooperação divulga dados relativos a 2014, destacando pessoas que deixam emprego para abraçar projetos
Lisboa, 09 jul 2014 (Ecclesia) – Cerca de 550 jovens e adultos vão realizar este ano projetos de voluntariado missionário em países em desenvolvimento e 992 em Portugal, revelou hoje a Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Igreja Católica.
Este é o maior número de voluntários em missão fora de Portugal desde que a FEC começou a publicar dados relativos a estas iniciativas, em 2003.
Em declarações prestadas à Agência ECCLESIA, Catarina António, do Departamento de Educação para o Desenvolvimento da FEC, destaca o aumento significativo de voluntários que este ano participam em missões fora de Portugal, em comparação com os dados relativos a 2013 (405), registando um aumento de mais de uma centena de pessoas que “se dispuseram a partir”.
Outra “grande diferença” diz respeito ao número de pessoas que “largaram o seu emprego” para poderem integrar este tipo de projetos.
“Às vezes pensa-se que a maior parte das pessoas que vão são desempregados, são estudantes, e grande parte continua a ser estudantes que vão nas férias, mas muitos desses estudantes trabalham e estudam: ao irem numa missão ad gentes precisam de pedir uma licença sem vencimento ou desempregarem-se para partir”, explica Catarina António.
Ao contrário do que acontece com o voluntariado mais comum, o voluntariado missionário, ligado à Igreja Católica, significa “abandonar tudo”, família, amigos, conforto, durante um período entre um mês e dois anos, e “ir para o desconhecido, às vezes para países onde as necessidades são enormes”.
“Isso implica toda uma mudança na vida de quem parte e notou-se este ano uma evolução nesses números”, reforça a responsável da FEC, para quem as estatísticas deixam ainda uma outra mensagem muito significativa.
“É uma forma de mostrar à sociedade, hoje em dia em que se fala tanto que se perderam valores, que o voluntariado missionário é uma forma muito presente no dia-a-dia e que o voluntariado nacional continua a existir de uma forma muito focada”, complementa.
Um outro dado que reforça esta ideia é que, em 2014, 127 voluntários vão repetir a experiência de missão.
Os países lusófonos são os principais dos destinos de missão: 134 pessoas partem para Cabo Verde, 94 para Moçambique e 90 para a Guiné-Bissau; São Tomé e Príncipe acolhe 78 voluntários, Angola 74, o Brasil 45 e Timor-Leste 14.
Quanto ao tipo de trabalho que irá ser desenvolvido pelos voluntários missionários, Catarina António realça áreas como a educação, a saúde e a pastoral social, e a atenção especial às populações mais jovens e aos idosos.
Entre todas as entidades que promovem o voluntariado missionário, “é quase transversal” o trabalho junto destas faixas etárias.
“Verificou-se também um aumento no trabalho com mulheres e na formação a professores”, acrescenta a responsável da FEC.
Os dados hoje apresentados são resultado de um inquérito feito às 61 entidades que integram a Rede de Voluntariado Missionário coordenada pela FEC, das quais 38 (mais uma do que em 2013) enviam voluntários em missão.
LS/JCP/OC