Igreja no Congo atenta às próximas eleições

A Igreja Católica na República Democrática do Congo acusou a presença militar europeia, no quadro das eleições de 30 de Julho, de induzir nos candidatos e na população um “problema psicológico de subserviência”. As reticências à presença militar europeia, na qual se integra uma força de fuzileiros portugueses, foram ontem reafirmadas à Agência Lusa pelo secretário-geral da Conferência Episcopal da República Democrática do Congo (CENCO), padre Léonard Kinkupu. “A Igreja Católica aprecia o esforço da comunidade internacional, mas diz que essa ajuda da União Europeia não deve ser vista como uma imposição de tutela ao povo congolês”, disse o Pe. Kinkupu, entrevistado na sede da CENCO, no bairro de Gombe, em Kinshasa. Os milhares de candidatos às eleições gerais de 30 de Julho na República Democrática do Congo estão a acelerar as acções de rua para se darem a conhecer, quando a campanha entra na recta final. A CENCO denunciou “irregularidades” na preparação das eleições no país, ameaçando não reconhecer a sua validade. Numa mensagem divulgada na semana passada, os Bispos destacam que hoje não existem ainda as condições para realizar eleições realmente “transparentes, livres e democráticas”, condenando, pelo contrário, alguns sinais que fazem aumentar o temor de “manipulações e fraudes”. O documento é datado de 20 de julho de 2006 e é intitulado “O fim da transição na concórdia nacional”, pedindo que “os protagonistas políticos e a comunidade internacional façam das próximas eleições uma hipótese real para a República Democrática do Congo”. Depois de uma situação política caracterizada por duas guerras e por diversos conflitos armados, que causaram inúmeros mortos e um empobrecimento crescente, “o povo congolês aspira ardentemente à realização das eleições, via ordinária para a legitimidade do poder e para a instauração de um Estado de direito, promotor de paz, de justiça, de desenvolvimento integral e duradouro”, pode ler-se na Declaração dos Bispos. Crianças O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) denunciou ontem que 1200 pessoas morrem diariamente na República Democrática do Congo, tantas quanto as vítimas do tsunami em cada seis meses. “Embora o número de mortos na RDC seja idêntico ao do tsunami (2004) no Índico a cada seis meses, esta emergência ainda não recebeu a atenção que merece, quer por parte da comunicação social quer da opinião pública”, afirmou Tony Bloomberg, representante da UNICEF naquele país africano, num relatório sobre as crianças congolesas, divulgado em Londres. As agressões sexuais como arma de guerra contra mulheres e crianças atingiram “proporções enormes “, tendo sido registados 25.000 casos de violação só em 2005, refere o documento. Além da violência directa, as crianças acabam também por estar envolvidas na guerra enquanto refugiadas ou deslocadas. O relatório refere que 120.000 pessoas por mês fogem da região leste do país e que 1,66 milhões de pessoas permanecem deslocadas. Estas migrações impedem também as crianças de ir à escola. A falta de assistência humanitária e sanitária provoca igualmente um grande número de mortos devido a doenças e má nutrição.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top