Igreja/Media: Rita Figueiras pede tempo para avaliar se utilização da internet «foi um momento pontual e um recurso excecional» durante a pandemia

Investigadora na área dos Media alerta que multiplicidade de meios «não significa usar todos, nem todos ao mesmo tempo»

Lisboa, 23 mai 2020 (Ecclesia) – Rita Figueiras, investigadora na área dos Media, afirmou que “o tempo vai ser mais definidor da estratégia” a ser usada pela Igreja Católica nos meios digitais depois do desconfinamento e que é preciso “perceber o que é que cada meio permite”.

“Há uma questão fundamental, que é percebermos a duração deste processo. Vai ser muito importante para percebermos se foi um momento pontual e um recurso excecional para conseguir continuar com as práticas religiosas, nomeadamente no momento da Páscoa, e para conseguir alguma normalidade neste momento de exceção ou se a duração por alguma razão tivermos que voltar ao confinamento, depois desconfinamos e voltamos a confinar se isso vai introduzir algum hábito”, explicou a professora da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

Em declarações à Agência ECCLESIA, Rita Figueiras lembrou que o Papa Francisco tem uma “enorme popularidade, de forma extremamente alargada”, recorrendo às redes sociais desde o início do pontificado.

Já no tempo da pandemia, o sucesso das transmissões online, como por exemplo na Páscoa e no 13 de maio em Fátima, “demonstrou que as ferramentas digitais podem ser um auxílio”.

A investigadora na área dos Media, nos dias do confinamento entende que as imagens de um Santuário de Fátima vazio de peregrinos ou o Papa a rezar na Praça de São Pedro deserta fizeram como se, de repente, “o simbólico se traduzisse num espelho de como as pessoas efetivamente se sentem, fisicamente distante dos outros, num momento também simbólico da união real”.

Reforçou ainda mais esse sentimento de que as pessoas estão isoladas em cadeia, ou estão isoladas em conjunto, porque a perceção de que não são as únicas, todos sabemos disso mas nada como ver, ter a prova evidente, nas imagens de um sentimento de que às vezes não se tem a certeza se ele é mais subjetivo ou se ele é efetivamente real”.

No contexto da atual pandemia de Covid-19, que ditou o isolamento social e a suspensão comunitárias das Missas, a internet e as redes sociais foram usadas para celebrações e orações, debates, encontros e reuniões.

“A multiplicidade de meios ao dispor não significa usar todos, nem todos ao mesmo tempo, nem todos servem para o mesmo, nem se substituem”, disse a investigadora.

Segundo a docente da UCP, é necessário ter “a agilidade, a perceção, a sensibilidade de perceber” que há espaços para os diferentes tipos de comunicação “e também há espaços para o silêncio e de não incomodar”, por isso, a utilização dos meios digitais “requer uma avaliação, requer ter a capacidade de perceber quando utilizar e que estratégia”.

“É todo um processo que vemos em curso nas mais variadas áreas que é perceber até onde é que podemos utilizar e até onde é que já não estamos a rentabilizar”, alertou Rita Figueiras na entrevista realizada no contexto do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que a Igreja Católica assinala este ano a 24 de maio; a celebração vai ser o tema do programa ‘70×7’, transmitido às 17h55 deste domingo, na RTP 2.

A entrevistada entende que, para mensagens “mais profundas, mais complexas, mais densas”, será necessário “utilizar as próprias redes no seu sentido quase piscatório”, para transportar/convidar as pessoas a “ir para outros espaços em que já é possível ter outro tipo de discurso, de disponibilidade e concentração”.

HM/CB/OC

 

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