Igreja/Media: Papa propõe jornalismo centrado nas pessoas

Mensagem para o Dia Mundiais das Comunicações Sociais de 2018 deixa apelos aos jornalistas

Papa Francisco senta-se junto aos jornalistas no final da sua última viagem internacional

Cidade do Vaticano, 24 jan 2018 (Ecclesia) – O Papa desafia a um jornalismo mais centrado nas “pessoas”, na sua Mensagem para o Dia Mundiais das Comunicações Sociais de 2018, publicada hoje.

O texto, dedicado ao fenómeno das chamadas ‘fake news’, apresenta o jornalista como “guardião das notícias”, alguém que “não desempenha apenas uma profissão, mas uma verdadeira missão”.

“No meio do frenesim das notícias e na voragem dos furos, [o jornalista] tem o dever de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a audiência, mas as pessoas. Informar é formar, é lidar com a vida das pessoas”, escreve Francisco.

O texto divulgado esta manhã pela Santa Sé tem como título “«A verdade vos tornará livres (Jo 8,32)». Fake news e jornalismo de paz”.

O Papa propõe um jornalismo “sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas”, que procure alternativas “às escaladas do clamor e da violência verbal”.

O jornalismo, acrescenta, deve ser “feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz”.

“Um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a sua compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos”, precisa.

A reflexão papal aborda o tema da verdade, convidando as pessoas a analisar os “frutos” dos factos ou alegados factos que se enunciam, percebendo “se suscitam polémica, fomentam divisões, infundem resignação ou se, em vez disso, levam a uma reflexão consciente e madura, ao diálogo construtivo, a uma profícua atividade”.

“O melhor antídoto contra as falsidades não são as estratégias, mas as pessoas: pessoas que, livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade; pessoas que, atraídas pelo bem, se mostram responsáveis no uso da linguagem”, defende Francisco.

A mensagem conclui-se com uma ‘oração dos jornalistas’, inspirada na figura de São Francisco de Assis, pela paz e a verdade.

Senhor, fazei de nós instrumentos da vossa paz.

Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão.

Tornai-nos capazes de tirar o veneno dos nossos juízos.

Ajudai-nos a falar dos outros como de irmãos e irmãs.

Vós sois fiel e digno de confiança;

fazei que as nossas palavras sejam sementes de bem para o mundo:

onde houver ruído, fazei que pratiquemos a escuta;

onde houver confusão, fazei que inspiremos harmonia;

onde houver ambiguidade, fazei que levemos clareza;

onde houver exclusão, fazei que levemos partilha;

onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade;

onde houver superficialidade, fazei que coloquemos interrogações verdadeiras;

onde houver preconceitos, fazei que despertemos confiança;

onde houver agressividade, fazei que levemos respeito;

onde houver falsidade, fazei que levemos verdade.

Amen.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se no domingo antes do Pentecostes (13 de maio em 2018).

A mensagem do Papa é tradicionalmente publicada por ocasião da festa litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, no dia 24 de janeiro.

OC

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