Igreja/Media: Papa lamentou faltas de rigor no tratamento da informação religiosa

Francisco recebeu associação internacional dos jornalistas acreditados no Vaticano

Cidade do Vaticano, 22 jan 2024 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que existe falta de rigor na informação sobre a Igreja Católica e que os meios de comunicação social tendem a “deformar as notícias religiosas”.

“De facto, os meios de comunicação social tendem a deformar as notícias religiosas. Deformam-nas tanto com o registo alto ou ideológico como com o registo baixo ou espetacular. O efeito global é uma dupla deformação da imagem da Igreja”, alertou, citando uma reflexão de Luigi Accattoli, vaticanista do jornal italiano ‘Corriere della Sera’, que completou recentemente 80 anos de idade.

Francisco admite que a missão de noticiar a atualidade da Santa Sé “não é fácil”, falando perante 150 membros da associação internacional dos jornalistas acreditados no Vaticano.

“A beleza do vosso trabalho em volta de Pedro é fundá-lo sobre a sólida rocha da responsabilidade na verdade, não sobre as frágeis areias da bisbilhotice e das leituras ideológicas”, referiu, numa intervenção divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé.

O Papa sublinhou a necessidade de “não esconder a realidade e também as suas misérias, sem adoçar as tensões, mas ao mesmo tempo sem fazer alaridos inúteis, esforçando-se por captar o essencial, à luz da natureza da Igreja”.

O encontro, na Sala Clementina, contou com a presença de repórteres, operadores de câmara, fotógrafos e produtores.

“Uma comunidade unida por uma missão”, disse Francisco.

Ser jornalista é uma vocação, um pouco como a de um médico, que escolhe amar a humanidade tratando as suas doenças. O mesmo acontece, de certa forma, com o jornalista, que escolhe tocar as feridas da sociedade e do mundo”.

O Papa considerou que aos jornalistas acreditados na sala de imprensa da Santa Sé é pedido um esforço suplementar, que consiste em manter um “olhar que sabe ver por detrás das aparências”, sem “vergar-se à superficialidade dos estereótipos e às fórmulas pré-embaladas do espetáculo informativo”.

Um vaticanista, acrescentou, deve “resistir à vocação nativa da comunicação de massa de manipular a imagem da Igreja, como e mais do que qualquer outra imagem da humanidade associada”.

Francisco agradeceu aos profissionais a “delicadeza” e “respeito” com que falam dos “escândalos da Igreja”.

“A vossa tarefa é muito importante. Quanta necessidade há de, por um lado, saber e contar e quanta necessidade há, por outro lado, de cultivar um amor incondicional pela verdade”, indicou.

O Papa mostrou-se grato pela “constância e paciência” dos muitos jornalistas em acompanhar dia a dia as notícias da Igreja Católica.

“Tenho de vos pedir desculpa pelas vezes em que as notícias sobre mim, de diferentes formas, vos afastaram das vossas famílias, das brincadeiras com os vossos filhos”, declarou.

Entre os participantes na audiência esteve a jornalista portuguesa Aura Miguel, vaticanista da Rádio Renascença.

OC

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