Igreja/Media: Jornadas da Comunicação abordam «pressões» e «constrangimentos»

Presidente da Comissão Episcopal responsável pelo setor manifesta-se contra ditadura das audiências

Lisboa, 27 set 2012 (Ecclesia) – A Igreja Católica espera que as Jornadas Nacionais de Comunicação Social, com início hoje em Fátima, ajudem a denunciar e a combater os “constrangimentos” que pairam atualmente sobre os meios de informação.

O presidente da Comissão Episcopal da Cultural, Bens Culturais e Comunicações Sociais lamenta, em entrevista ao Programa ECCLESIA (RTP 2) desta segunda-feira, a “pressão” que as “administrações” exercem “sobre os profissionais” dos media, quando querem combater “a quebra de audiências e de vendas”.

Ao transformarem os jornalistas em meros caçadores de “manchetes” ou “notícias espetaculares”, as empresas de comunicação estão a pôr em causa a sua própria “qualidade e identidade”, alerta D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto.

Este responsável assinala que “com alguma frequência” se notam “títulos e resumos de notícias que depois não têm correspondência com o suporte documental que vem a seguir”.

Outro condicionalismo que está a colocar em causa a missão dos órgãos de comunicação social e o seu dever de informar a sociedade, com rigor e credibilidade, é a falta de tempo que muitas vezes domina a redação da notícia, refere o prelado.

De acordo com o presidente da Comissão Episcopal que tutela a comunicação social na Igreja, “pressa e rapidez não podem ser inimigas da objetividade e do amadurecimento das informações”.

Ser o primeiro a abordar determinada matéria, ainda que esteja mal preparada, pode “dar lucro a curto prazo”, mas se as empresas mantiverem esta estratégia por muito mais tempo só estarão a “matar a sua própria galinha dos ovos de ouro”, salienta D. Pio Alves.

Neste contexto, o tema escolhido para a edição deste ano das jornadas nacionais, “Silêncios e Silenciamentos”, aponta para a necessidade de uma informação mais ponderada e menos sujeita a condicionalismos sociais, económicos, políticos e ideológicos.

No que diz respeito aos media religiosos, o responsável defende a necessidade de uma maior “rentabilização” de meios e de esforços, “dentro das dioceses e entre as dioceses”, em ordem a conseguir criar um produto que tenha a “qualidade desejável”.

“Muitas vezes perdemos tempo e energia pela dispersão e pela vontade de afirmação da própria autonomia, era urgente que nas diferentes plataformas conseguíssemos trabalhar muito mais em rede”, adverte.

Aberta aos profissionais do setor, as jornadas nacionais acontecem numa altura marcada pelo debate à volta do futuro da televisão e rádio públicas.

Sobre esta matéria, D. Pio Alves espera que “a haver alteração no estatuto e no figurino da RTP e na rádio, aquilo que está consignado na lei da liberdade religiosa se mantenha”.

“O que está em causa é o serviço público e a dimensão religiosa faz parte da nossa identidade nacional”, conclui.

O programa das Jornadas Nacionais de Comunicação Social conta com nomes como Marques Mendes, antigo líder social-democrata, e Carlos Magno, responsável da Entidade Reguladora para a Comunicação Social.

Todos as conferências e debates vão poder ser acompanhadas através da internet, nos sites www.ecclesia.pt/jornadas2012 e videos.sapo.pt/agenciaecclesia, com o apoio do portal Sapo.

PTE/JCP/LS

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