Igreja/Media: «É preciso evangelizar no digital», sem repetir «o mesmo de sempre» – padre Rui Alberto

Sacerdote salesiano fala em desconfinamento pastoral

Lisboa, 21 abr 2021 (Ecclesia) – – O padre Rui Alberto, sacerdote salesiano, disse à Agência ECCLESIA que a aposta da Igreja Católica no digital, em muitos casos forçada pelos confinamentos da pandemia, tem de apresentar novas propostas em vez de repetir fórmulas.

A necessidade depressa e transferir um conjunto de práticas para o digital, indica o religioso, “congelou um pouco a conversa eclesial, abandonou-se esse esforço que vinha sendo trabalhado que olhava para o digital não apenas como um meio, mas como um continente uma cultura”.

O especialista em catequese e pastoral juvenil destaca a “presença forte” que a Igreja mantém junto das crianças e adolescentes, mas sublinha que “nem tudo está bem”, desde logo porque a tecnologia “não chega a todos da mesma forma.

Para o padre Rui Alberto, seria um erro recorrer ao digital para fazer o mesmo que se fazia presencialmente, mas em piores condições.

“É multimédia, tem som, tem imagens. Nós que viemos de uma cultura eclesial muito centrada na palavra, temos logo aí limitações”, reconhece, frisando “a necessidade de trabalhar mais a partir das imagens, e reforçar a interação gerada em tempo real”.

O religioso analisa as consequências de uma ação pastoral interrompida pela pandemia e os desafios que derivam de um regresso à atividade presencial, nas comunidades católicas.

O padre Rui Alberto recorda que muitos processos foram “congelados, foram suspensos”, por causa dos confinamentos, e assinala a “criatividade” que mobilizou o trabalho pastoral no online.

O especialista observa, no entanto, que a transmissão de celebrações nas redes sociais pode levar a um recuo, “aos tempos em que se assistia à missa”, ao contrário de sublinhar a dimensão celebrativa da assembleia, como acontece na liturgia de hoje.

O religioso salesiano fala ainda de dimensões que o digital deixa de parte, “o cheiro, muita linguagem não verbal que se perde”, considerando ainda urgente encontrar uma “emotividade cristã europeia”.

Para o diretor das Edições Salesianas, foi mais interessante a forma como o digital contribuiu para aproximar grupos de oração.

“Muitos descobriram que, mesmo fora da comunidade, do templo e da liturgia, ‘eu posso rezar… eu mantenho-me como batizado’”, aponta.

Quanto ao campo da catequese e da pastoral juvenil, o entrevistado reconhece que “houve aspetos interessantes a acontecer”, mas que não lhe permitem ser otimista.

“Houve desmotivações, as pessoas perderam rotinas e os agentes da pastoral também revelaram que nem todos estavam preparados para lidar com estes meios”, assinala o sacerdote, considerando natural que, desta experiência da Covid-19, tenha resultado “algum abandono e algum cansaço”.

PR/HM/OC

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