Igreja/Media: Comissões ibéricas querem valorizar presença dos jovens e potencial das redes sociais

Reunião anual destacou importância da presença pessoal e da comunidade na comunicação

Maia, 04 jul 2018 (Ecclesia) – Os bispos responsáveis pelo setor da Comunicação nas conferências episcopais de Portugal e Espanha encerraram hoje o seu encontro anual, convidando as comunidades católicas a valorizar o papel das redes sociais na evangelização, aproveitando a sensibilidade dos jovens.

“O primeiro desafio que os jovens nos colocam é o de se tornarem protagonistas, na sua forma de atuar e de estar na Igreja”, disse à Agência ECCLESIA D. João Lavrador, bispo de Angra e presidente da Comissão Episcopal da Cultura Bens Culturais e Comunicações Sociais.

As Comissões Episcopais das Comunicações Sociais de Portugal e Espanha estiveram reunidas desde segunda-feira, na Maia, para debater o tema ‘Os jovens e a comunicação’.

A iniciativa teve como pano de fundo o próximo Sínodo dos Bispos sobre ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, convocado pelo Papa Francisco para outubro, no Vaticano.

D. João Lavrador sublinhou a “sintonia” entre as aspirações dos jovens e o que se pede a uma Igreja “mais testemunha do próprio Evangelho”.

Para este responsável, vive-se um tempo de “muita esperança” para que os jovens tenham mais voz nas comunidades católicas, o que exige uma “conversão” na forma de estar, evitando o “risco de autoritarismo”.

O bispo de Angra considera “inevitável” encontrar novas linguagens, na relação com os mais novos.

“Hoje, há uma cultura juvenil, que tem os seus meios próprios, pelos quais entra em diálogo”, precisa.

Nesta cultura, acrescenta, cresce a consciência de que “a rede não é tudo”, sublinhando-se a necessidade de “um espaço de encontro pessoal”

“A Igreja como comunhão, como comunidade, exige a pertença e a participação pessoal de cada um”, observa o presidente da Comissão Episcopal da Cultura Bens Culturais e Comunicações Sociais.

O responsável sublinha a necessidade apresentar a Igreja como ideal de “comunidade”, um espaço onde “todos os membros se sentem em comunhão” e cada um se torna “comunicação, através do seu testemunho”.

D. Ginés García Beltrán, bispo de Getafe e presidente da Comisión Episcopal de Medios de Comunicación Social (Espanha), fala, por sua vez, da importância de conjugar “liderança” e diálogo.

“Seria interessante que passássemos para uma rediarquia, ou seja, que a reflexão seja conjunta, que o pensamento seja conjunto”, explica.

O bispo espanhol deixa votos de que os jovens sejam “sujeitos da Evangelização” e assinala que os trabalhos dos últimos dias deixaram “desafios” para avançar no “mundo tão interpelador das comunicações sociais”.

Para o responsável, é urgente propor uma comunicação menos em forma de estrela, do centro para as pontas, e mais como a “teia de uma aranha”, que promova a relação “entre as periferias e o centro”.

No Documento Conclusivo do encontro anual, enviado à Agência ECCLESIA, os participantes advertem que a comunicação da Igreja Católica permanece “maioritariamente no paradigma cultural anterior ao criado pelas redes sociais”, “unidirecional, criada por adultos, com o modo linear e analítico”.

“A Igreja deve oferecer a sua mensagem adaptando-a a esta nova cultura de comunicação, predominantemente visual e fragmentária. Temos de passar com naturalidade do digital ao real e do real ao digital; da comunidade formada por pessoas à comunidade formada por perfis e vice-versa”, propõem os responsáveis católicos.

“Urge uma antropologia que assinale o valor da dignidade da pessoa humana no mundo digital, as suas características, os seus direitos e a imagem de Deus subjacente nesses perfis”

Os bispos responsáveis pelo setor da Comunicação nas conferências episcopais de Portugal e Espanha entendem que é necessário promover um ambiente que possibilite “o diálogo entre todos, a partir dos seus conhecimentos, convicções e sentido para a vida”.

“É o que podemos chamar de ‘sinodalidade quotidiana’ que se consegue não só mudando as linguagens e as estratégias de comunicação, mas também multiplicando-as de acordo com os destinatários”, sustentam.

O trabalho realizado teve o contributo de Leticia Soberón, do Dicastério para as Comunicações da Santa Sé, e Joaquim Freitas, chefe nacional adjunto do Corpo Nacional de Escutas.

PR/OC

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