Diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais diz que é preciso «aprender a ouvir»
Lisboa, 24 jan 2012 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja (SNCS) afirmou hoje que o apelo do Papa ao “silêncio” no mundo mediático, deixado na sua mais recente mensagem, pode abrir espaço a “outras linguagens”.
O cónego João Aguiar falou à ECCLESIA, após a publicação da mensagem para o 46.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, este ano dedicada ao tema ‘Silêncio e Palavra: caminho de evangelização’.
Segundo este responsável, Bento XVI juntou “dois elementos fundamentais da comunicação” para mostrar que “só o equilíbrio” entre palavra e silêncio permite “uma relação humana perfeita”.
“Precisamos de aprender a comunicar, o que, para o Papa, é aprender a ouvir e aprender a dizer”, prossegue.
Para os profissionais do meio, as observações de Bento XVI devem levar a “olhar para a informação” sem limitar-se a “descrever um facto”, esquecendo as “suas causas” e “ver as suas consequências”.
“Quando nós, como jornalistas, nos limitamos a contar as coisas tal qual as vemos, normalmente não as vemos”, indica o cónego João Aguiar, para quem “o que parece e o que aparece, muitas vezes, de facto não o é”.
O silêncio proposto na mensagem papal, assinala o diretor do SNCS, permite que “o outro seja ouvido” e representa um “espaço para o discernimento”, frisando que “o próprio Deus da revelação bíblica é um Deus que se comunica no silêncio”.
Em causa, acrescenta, estão as “interrogações essenciais” que se colocam ao ser humano, porque “nem todas as perguntas estão respondidas”.
A própria Igreja Católica, indica o cónego João Aguiar tem de fazer a “aprendizagem” de saber “quais são as perguntas do mundo, os problemas reais, as dúvidas essenciais das pessoas e dar-lhes resposta”.
A mensagem de Bento XVI foi dada a conhecer, como é tradição, na festa litúrgica de São Francisco de Sales (1567-1622), padroeiro dos jornalistas.
A celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que em 2012 se assinala a 20 de maio, foi a única do género a ser instituída pelo Concílio Vaticano II (Decreto ‘Inter Mirifica’, 1963).
OC