Igreja: Marcas do Vaticano II no pontificado de Francisco

José Eduardo Borges de Pinho considera que o Papa faz a «concretização pastoral» do concílio que encerrou no dia 8 de dezembro de 1965

Lisboa, 08 dez 2015 (Ecclesia) – O professor universitário José Eduardo Borges de Pinho considera que o Papa Francisco tem sabido “colher os frutos” do Concílio Vaticano II, concluído há 50 anos, “em termos de concretização pastoral”.

“Quando o Papa insiste na saída missionária da Igreja no fundo está a traduzir numa outra linguagem aquilo que está no concílio como uma das quase revoluções fundamentais”, explica o docente da Faculdade de Teologia, da Universidade Católica Portuguesa.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o teólogo português contextualiza que a Constituição Dogmática ‘Lumen Gentium’ não coloca a Igreja como uma “fortaleza fechada em si mesma” mas como Igreja que se entende “como serviço, como abertura, como sinal do amor misericordioso de Deus”.

Hoje assinalam-se os 50 anos do encerramento Concílio Ecuménico Vaticano II (CVII), que decorreu em quatro sessões entre 1962-1965, e o professor catedrático considera para o Papa Francisco o CVII é um “ponto de partida, uma bússola de orientação”.

José Eduardo Borges recorda que, logo após a sua eleição, Francisco falou como bispo de Roma, querendo “dizer que é preciso avançar, dar passos no reconhecimento da importância da Igrejas locais no seu contexto”.

“Não é possível uma ação missionária da Igreja, uma evangelização atualizada, sensível às verdadeiras necessidades e problemas da humanidade de hoje se não estivermos atentos a um mundo que se globalizou e pluralizou, e isso passa pela realidade das Igrejas locais”, desenvolve o especialista em Eclesiologia.

O professor da Faculdade de Teologia considera que esta “valorização das Igrejas locais” significa, por um lado, que o ministério Petrino hoje tem de começar a ser “exercido de outro modo nalguns aspetos”, dando como exemplos a reforma da Cúria Romana e o Conselho de Cardeais criado por Francisco.

José Eduardo Borges de Pinho identifica como elemento de “novidade indiscutível”  a perceção que o ministério do Papa, “sem uma mais efetiva colegialidade, não consegue cumprir a sua missão”.

“Foi um dos temas de maior debate e foi, ao longo destes 50 anos, um tema que continuou a ser debatido”, comenta.

Para o entrevistado é “inevitável” que haja uma maior relevância das conferências episcopais.

PR/CB/OC

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