Igreja/Família: Bispo da Guarda diz que é preciso «encontrar o caminho certo» para atender às «situações de maior fragilidade»

Tema vai marcar jornadas diocesanas de formação do clero na diocese

Guarda, 28 jan 2017 (Ecclesia) – A Diocese da Guarda vai promover, entre os dias 02 e 03 de fevereiro, umas jornadas de formação permanente para o clero centradas na Família e na reflexão mais recente do Papa Francisco acerca deste setor pastoral da Igreja.

De acordo com o bispo da Guarda, entrevistado pela Agência ECCLESIA, na base dos dois dias de reflexão estarão dois documentos do Papa argentino, a exortação apostólica “A Alegria do Amor” e a carta apostólica (em forma de Motu próprio) “Mitis Iudex Dominus Iesus”, relacionada com os processos de declaração de nulidade do matrimónio, e que visou simplificar a resolução destas situações.

Ou como foi dito pelo Papa, aplicar “a misericórdia sobre a verdade do vínculo daqueles que experimentaram o falhanço matrimonial”

Para D. Manuel Felício, “os desafios são claros: o Papa quer que a Igreja acompanhe as famílias, que acompanhe cada caso, que ela se empenhe em ajudar cada casal, qualquer que seja a situação em que ele se encontra, a encontrar o caminho certo para essa mesma situação”.

Sobre o modo como a Igreja Católica em Portugal tem vindo a encarar as situações de rutura no matrimónio, e outros desafios no meio das famílias, o bispo da Guarda considera que ainda não foram completamente “assumidas” as indicações de Francisco, e falta também definir “critérios comuns” para a aplicação dessas diretrizes.

“Nós padres temos que ter um relacionamento muito próximo com estas situações e quando alguém nos vem colocar um problema devemos simplificar a situação, ajudar a pessoa a identificar os casos que nos apresenta para, mesmo num processo mais breve, e o bispo diocesano trem um lugar próprio, podermos resolver alguns problemas”, sustentou.

“Acompanhar, discernir e integrar” devem ser verbos essenciais na ação pastoral da Igreja, juntas famílias.

“Sobretudo nas situações de maior fragilidade, que o Papa aponta na encíclica A Alegria do Amor”, lembra D. Manuel Felício.

“Nunca poderemos dizer que esta ou aquela situação está arrumada, que não tem ponta por onde se pegue, que não tem solução, não. Seja com uma união de facto, seja um casamento em dificuldade, seja uma segunda ou terceira união em que há filhos desta ou daquela, temos que ajudar família, o casal ou a pessoa a posicionar-se da melhor maneira”, completou.

A formação do clero da Diocese da Guarda, que vai ser acolhida pelo Seminário Maior da Guarda, vai ser conduzida por três especialistas do Instituto de Ciências da Família, da Universidade de Salamanca (Espanha), Alonso Fernández Benito, José Ramón Mateos Lorenzo e Frederico Aznar Gil.

O programa do evento, com início marcado para as 10h00 do dia 02 de fevereiro, vai incluir temas como ‘A vocação e a missão da Família – viver o amor na instituição familiar’, ‘Família e fecundidade – abertura à vida e educação dos filhos’, ‘Acompanhar a preparação para o matrimónio e a vida em família’ e ‘A situação atual das famílias e suas implicações no acompanhamento pastoral’.

Estará também em cima da mesa a aplicação da reforma do processo canónico relativo à declaração da nulidade do matrimónio – “processo ordinário; processo mais breve e responsabilidades específicas dos intervenientes – Bispo, Tribunal Eclesiástico, sacerdotes e outros agentes pastorais”.

“Vamos tentar entrar nestes assuntos e pedir a estes três especialistas que nos vêm ajudar que nos clarifiquem, nos apresentem as situações e nos ajudem a descobrir caminhos de resolução próximos”, salientou D. Manuel Felício.

“Nas dificuldades nós estamos habituados a perguntar à lei, agora não podemos perguntar à lei, temos de perguntar à consciência, e à consciência bem formada para encontrar os caminhos certos”, concluiu.

PR/JCP

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