Igreja/Europa: União tem de ser «espaço aberto à solidariedade»

D. Amândio Tomás, membro da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia, lamenta a queda do «ideal cristão» que esteve na origem daquele organismo

Vila Real, 09 mai 2011 (Ecclesia) – O representante português na Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) acredita que a Europa só sairá da atual crise social e económica quando “redescobrir os valores da democracia, igualdade e amor” que estiveram na sua origem.

“Temos a oportunidade para repensarmos, fazendo desta Europa não uma torre de marfim onde se quer apenas a felicidade de alguns, mas um espaço aberto à solidariedade universal” defende D. Amândio Tomás, em declarações prestadas hoje à Agência ECCLESIA.

No dia em que a União Europeia celebra 61 anos de existência, o prelado lamenta que o “ideal cristão” que serviu de base para a criação daquele organismo esteja hoje ameaçado, não em matéria de paz mas no campo do “desenvolvimento integral da pessoa humana”.

Critica particularmente o facto deste projeto se ter transformado, ao longo das décadas, numa “fortificação económica de vanguarda”, mas onde “há milhões de pobres e pessoas excluídas, que é preciso atender”.

D. Amândio Tomás aponta também para os perigos de ideologias como o relativismo e o laicismo, que pretendem estancar da Europa “o amor que brota da cruz de Cristo”.

“Mesmo homens não crentes já o têm declarado” sublinha o delegado português da COMECE, citando Marcello Pera, presidente do senado italiano, que “disse textualmente que o que hoje é colocado no lugar da fé não são antídotos, mas venenos que agridem um corpo doente”.

É esta Europa “descristianizada, indiferente, apática e sem alma” que a COMECE pretende “voltar a evangelizar, com novo entusiasmo”, para que não regresse a um passado que ensombrou a história da humanidade.

“As ideologias nazi e comunista não conduziram propriamente a um paraíso terrestre mas aos campos de concentração, aos crematórios, ao desrespeito pela dignidade humana” lembra o prelado.

A prioridade dos bispos europeus, no seio da União Europeia, continuará a passar pela “apresentação da doutrina social da Igreja juntos dos responsáveis políticos, para que predomine uma Europa de felicidade, progresso e paz.

Além do desafio económico, há que contar ainda com um movimento migratório que cresce no continente, proveniente sobretudo do continente africano.

“É preciso favorecer uma maior abertura às gentes que batem às portas da Europa porque é perseguida ou porque não tem condições económicas” sustenta.

Dentro deste espírito solidário, o bispo português destaca a importância de iniciativas como o Ano Europeu contra a Pobreza, celebrado o ano passado, e o Ano Europeu do Voluntariado, que se tem vindo a assinalar em 2011.

“São ideias que temos de incrementar”, conclui o delegado português na COMECE.

JCP

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