Igreja em Portugal homenageia vida e obra de João Paulo II

Reacções dos Bispos portugueses Os Bispos portugueses são unânimes em considerar João Paulo II uma figura extraordinária que marcou a vida da Igreja e do mundo. O Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho, lembra o Papa como “um homem que amava a humanidade e se entregava a viagens missionárias, numa dimensão e quilometragem quase impossíveis, enfrentando todas as religiões e culturas”. A Diocese do Porto deu já instruções aos vigários para mandarem tocar os sinos em sinal de luto, havendo a hipótese de a Sé abrir as portas se o número de fiéis empenhados em nela rezar o justificar. O Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Ortiga, considera que “a vida e a mensagem de João Paulo II marcaram, indelevelmente, a história da Igreja e, por esta, do mundo”. Numa Nota Pastoral sobre o falecimento do Papa, o prelado salienta que, “para além da crença religiosa, ninguém ficou insensível à figura de João Paulo II”. D. Jorge Ortiga determinou que “todas as comunidades toquem os sinos em momentos oportunos até ao funeral e, particularmente, no dia e momento deste, convidando os cristãos, nesta ocasião, a uma paragem silenciosa, mesmo em ambiente de trabalho, para reflectir e orar no desejo de acolher o riquíssimo testamento espiritual que João Paulo II nos deixa”. “Este Papa foi como alguém que não só partiu para ir ao encontro da humanidade mas fez com que a própria Igreja se encontrasse com a humanidade. Para mim é um desafio, consciencializando-nos de que a Igreja vive par ao mundo e tem que ser fermento no meio do mundo. Este ser enviado, este sentido de missão é o aspecto que mais me impressiona na vida deste Papa”, disse o prelado à ECCLESIA. O Arcebispo de Évora, D. Maurílio de Gouveia, manifestou-se profundamente emocionado com a morte do Papa, que classificou como “um homem notável e extraordinário” e que dedicava um “carinho especial a Portugal”. O Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva, confessou que “João Paulo II é uma personalidade muito rica, muito plural, muito dinâmica, muito aberta”. “Um homem com uma força de vontade indiscutível, sentido de Igreja, ao mesmo tempo no diálogo ecuménico, inter-religioso, de aceitação dos valores, mesmo que não de expressão cristã, mas humanos; um homem muito convencido e, por conseguinte, muito convincente pelo testemunho de toda a sua vida”, recordou. D. Carlos Azevedo, hoje ordenado Bispo Auxiliar de Lisboa, afirmou que “é mais fácil ser Bispo tendo diante de nós um modelo de Pastor como Papa”. No dia em que damos graças a Deus por uma vida tão irradiante como a vida do Papa, de acção missionária, de testemunho de fé, de coragem apostólica, isso é um grande estímulo para quem está a começar”, confessou. O Bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, lembra “a surpresa inicial pela escolha deste Papa e a sua determinação aos valores que ele propunha a todos os níveis”. Falando de “ um homem de fé, de uma fé exemplar, com uma capacidade e energia interior e exterior que cativava tudo e todos”, o prelado considera que “olhando para os 26 anos de Pontificado deste Papa a primeira atitude que eu tenho é de louvor a Deus, de acção de graças por ter concedido à Igreja um homem como João Paulo II”. D. António Marto, Bispo de Viseu, considera que o Papa “foi um homem que trouxe a coragem da fé à Igreja, logo desde o início, pela maneira como ele se apresentou: ‘não tenhais medo’, não tenhais medo de Jesus Cristo”. “Isso veio despertar a coragem da fé no coração de todos os cristãos católicos, para saírem de um certo complexo de inferioridade. Foi um homem peregrino do Evangelho da paz, num sentido mais amplo: de reconciliação entre os povos e entre as religiões, entre as culturas, um artífice da paz”. prossegue. O Bispo de Santarém, D. Manuel Pelino, aponta para um aspecto particular do Pontificado: “este Papa publicou em abundância e com muita qualidade, sobretudo sobre assuntos, pastorais, teológicos. Penso que ele se preocupou com a identidade do cristão, num mundo confuso, a identidade do presbítero, a identidade do Bispo. São documentos que marcam uma história e são uma etapa na vida da Igreja”. “Foi o Papa que procurou fazer de todo o mundo a grande família universal das Nações. É uma intuição bonita. Ele falou nisso e ele foi um dos grandes construtores dessa grande família universal das Nações. Foi um Papa dos jovens. este Papa conseguia convocar os jovens”, indica. O prelado desfia ainda há recordações pessoais. “Num sínodo vivi perto de um mês dia a dia com o Papa. Impressionava a simplicidade dele, a maneira como reparava em nós. A forma como estava à mesa sempre atento a todos e sem deixar monopolizar a conversa. Quando algum tentava absorver a conversa, ele fazia perguntas, oportunas e finas a outros, para pôr toda a gente a participar. Tinha de facto, uma qualidade humana, de relação e atenção ao outro que impressionava. á medida que a gente conhecia este Papa a nossa admiração por ele aumentava”, sentencia. D. Amândio Tomás, Bispo Auxiliar de Évora, foi ordenado Bispo por João Paulo II. Lembra que viveu muitos anos em Roma, junto do Papa e considera-o “um Papa espiritual, homem de fé, de convicções muito profundas, muito fiel ao seu programa. É um místico. È um homem assombroso, porque muito completo”. “O seu Pontificado foi longo, mas ele abordou muitíssimos planos da vida da Igreja e do mundo. Foi um homem mediático, que se tornou extraordinariamente simpático, que procurou caminhos de diálogo, de entendimento, entre religiões, entre os povos. Foi um pioneiro. Um homem assombroso que deixará marcas na história da Igreja e do mundo”, afirma. D. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal, considera que João Paulo II será lembrado pela “marca da universalidade, da preocupação com a paz, a fé profunda”. “Este homem tentou estar atento aos desafios do mundo e responder a esses mesmos desafios”, indicou. O Bispo Emérito de Braga, D. Eurico Nogueira Dias, fala de um Papa com “uma abertura extraordinária ao mundo moderno”. Por seu lado, D. António Montes Miranda, Bispo de Bragança-Miranda, lembra João Paulo II como uma “autoridade moral”. D. Tomaz Silva Nunes, Bispo Auxiliar de Lisboa e secretário-geral da Conferência Episcopal Portuguesas, sustenta que o Papa foi fundamental para a história da Igreja e do mundo, sublinhando que eles “não ficam iguais depois deste Pontificado”. “O Papa era uma personalidade que não deixava ninguém indiferente”, esclarece.

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