Igreja e sociedade vivem mudança de época

D. Manuel Clemente diz não ter “receitas” para projetar o futuro das comunidades cristãs

Lisboa, 06 jul (Ecclesia) – D. Manuel Clemente afirma que estamos numa “mudança epocal”, onde a comunidade cristã enfrenta o desafio da “reconfiguração”.

“É absolutamente essencial recompor a experiência cristã nos termos de cada época”, disse o patriarca de Lisboa em entrevista à agencia ECCLESIA, publicada pelas Edições Paulinas no volume “Uma casa aberta a todos”.

“Nós estamos numa época de mudança civilizacional, nos modos de conviver, nos modos de nos entendermos conjuntamente. E não sabemos onde isto vai parar”, afirma.

“O mundo disperso e dispersivo como o atual, assim como a própria cultura, tanto em termos de ideias como de presença ou ausência, é um grande desafio. E devo dizer que não tenho nenhuma solução no bolso. A não ser, ensaiar onde se está, persistir na experiência comunitária que exista, não desistir dela”, disse.

Para D. Manuel Clemente, a realização da experiência cristã “não se resolve mediaticamente” uma vez que é preciso “estar mesmo”, “ hoje, daqui uma semana, indo à procura de quem não vem”, afirmou.

O patriarca de Lisboa condenou a “deriva libertária” das mudanças culturais em curso, por transformar a “instância individual em instância única de liberdade, em único critério da moralidade”.

“Esta deriva libertária do liberalismo, não é o liberalismo autêntico”, afirmou D. Manuel Clemente, prevendo que se está a chegar “à sua impossibilidade”.

“Quando se estica muito todo esse domínio chamado fraturante, a certa altura só se tem cacos e é preciso que alguém os cole”, referiu.

D. Manuel Clemente, que era bispo do Porto desde 2007, foi nomeado pelo Papa Francisco patriarca de Lisboa a 18 de maio, após a resignação de D. José Policarpo, por ter atingido o limite de idade determinado no Direito Canónico.

O 17.º patriarca de Lisboa foi o vencedor do Prémio Pessoa 2009, distinção que evocou a sua obra historiográfica, intervenção cívica e “postura humanística de defesa do diálogo e da tolerância, de combate à exclusão e da intervenção social da Igreja”.

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