Igreja: D. António Francisco dos Santos recordado como «um santo na terra»

Margaridas, brancas e amarelas, vão colorir monumento «de ação de graças pela vida e missão» do bispo, em Tendais

Cinfães, 11 set 2020 (Ecclesia) – D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto quem faleceu há três anos, é recordado na sua terra natal como um “santo” e a data da sua morte vai ser assinalada com margaridas brancas e amarelas colocadas junto ao monumento que lhe é dedicado.

A Agência ECCLESIA conversou com Nair Duarte e Carla Mouta, de Tendais, sobre um “amigo de todos”, que tinha tempo para as pessoas.

“Penso muitas vezes que tive o privilégio de conhecer um santo. Recordo um santo aqui na terra. Era uma pessoa humilde, de uma ternura fora do vulgar, com uma caridade para as pessoas, com uma palavra, uma atenção”, refere Nair Duarte.

A entrevistada realça que D. António Francisco dos Santos tinha “sempre, sempre, tempo para toda a gente” e, “quem o conheceu e conviveu com ele sabe disso perfeitamente, de tão ocupado que era, tinha sempre um bocadinho para falar com todas as pessoas”.

Carla Mouta refere que o antigo bispo do Porto, seu padrinho de casamento, “era uma pessoa muito amiga de todos, desde o mais humilde”, e quando visitava a sua terra natal “parava o carro quando via as pessoas que conhecia e falava com elas, estava sempre com o tempo todo para a gente”.

“Devia ser considerado santo”, apontou.

Nair Duarte conta também que D. António Francisco dos Santos é padrinho de batismo do filho mais velho, o Tiago António, que tem 27 anos, um convite que surgiu “da amizade” do marido que esteve no seminário quando o ainda padre António “era reitor do Seminário de Lamego”.

A Paróquia de Santa Cristina de Tendais (Cinfães), na Diocese de Lamego, vai fazer hoje memória de D. António Francisco dos Santos, no terceiro aniversário da sua morte, aos 69 anos, na Casa Episcopal da Diocese do Porto, devido a uma complicação cardíaca, a 11 de setembro de 2017.

As duas irmãs, com as cunhadas, formam um grupo de voluntárias que todas as semanas limpam e enfeitam o ‘monumento de ação de graças pela vida e missão de D. António Francisco dos Santos’, que foi inaugurado a 29 de setembro de 2018, dia do seu aniversário natalício.

“Chegar ali e ver a imagem dele todos os dias dá-nos… É da nossa terra, é nosso, está aqui, é uma estátua que nos traz recordações, lembranças, é muito bom”, disse Nair Duarte, adiantando que esta sexta-feira as flores são “margaridas brancas e amarelas”, cores de que o falecido bispo gostava.

Carla Mouta acrescenta que foram comprar as flores “à feira, em Cinfães” e esta disponibilidade do grupo familiar em limpar o monumento, comprar as flores e fazer os arranjos “é uma maneira de retribuir alguma coisa que ele fez”.

“É muito bom porque é uma pessoa que não pode ser esquecida”, afirma.

O monumento é uma estátua em bronze, com dois metros e 20 de altura, e a base é constituída por quatro patamares e quatro painéis evocativos da ação desenvolvida nas Dioceses de Lamego, Braga, Aveiro e Porto.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o pároco de Santa Cristina de Tendais, padre Adriano Pereira, assinala que continuam a passar pessoas pelo local, para visitar no monumento, como aconteceu no último dia 29 de agosto.

“Há no coração das pessoas uma memória agradecida muito grande e a passagem é uma forma de evocar e manifestarem esse apreço e essa gratidão”, assinala o sacerdote.

O padre Adriano Pereira realça ainda que nos últimos dois anos o monumento foi visitado por “grupos de sacerdotes, grupos com catequistas, grupos de jovens, das quatro dioceses onde D. António Francisco dos Santos serviu a Igreja Católica em Portugal – Lamego, Braga, Aveiro e Porto – e há quem queria “visitar a campa onde está sepultada a mãe, uma nota muito curiosa, também de gratidão”.

CB/OC

D. António Francisco dos Santos foi ordenado padre em dezembro de 1972; após os estudos no seminário da sua diocese, licenciou-se em Filosofia na ‘École Pratique de Hautes Études Sociales’, com mestrado no Instituto Católico de Paris, onde obteve ainda o diploma de Sociologia Religiosa.

Durante os estudos em Paris, foi membro da equipa sacerdotal da Paróquia de São João Batista de Neuilly-sur-Seine, assumindo a responsabilidade pastoral da comunidade portuguesa.

O Papa São João Paulo II nomeou-o auxiliar de Braga, a 21 de dezembro de 2004, foi ordenado bispo em março de 2005, na Sé de Lamego.

O agora Papa emérito Bento XVI escolheu-o como bispo da Diocese de Aveiro, em setembro de 2006; o Papa Francisco nomeou-o bispo do Porto em fevereiro de 2014, tendo tomado posse a 5 de abril desse ano.

 

 

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Agência ECCLESIA

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