Igreja/Cultura: Seminário Maior de Coimbra acolhe «Sussurra-se», exposição da Bienal de Arte Contemporânea

Exposição da artista plástica Lu Lessa Ventarola pode ser visitada no Museu Póvoa dos Reis

Coimbra, 12 abr 2024 (Ecclesia) – O Seminário Maior de Coimbra acolhe a Exposição ‘Sussurra-se’, da artista plástica Lu Lessa Ventarola, que faz parte do programa geral da Bienal de Arte Contemporânea coimbrã ‘Anozero’, enquadrada numa “relação com a cidade em contexto cultural”.

“A cidade de Coimbra tem um ponto muito forte da cultura contemporânea que se chama Bienal ‘Anozero’. Este ano, a bienal toma o tópico da liberdade, do ‘fantasma da liberdade’, uma homenagem também a este ‘25 de Abril’, aos 50 anos, mas também uma provocação à liberdade nos tempos de hoje, e vai retomar também um bocadinho disto da história, das histórias e do que as histórias trazem à vida das pessoas”, disse o reitor do Seminário Maior de Coimbra, em declarações à Agência ECCLESIA.

O padre Nuno Santos explicou que o Seminário Maior da Diocese de Coimbra enquadra esta exposição numa “relação com a cidade, que é um dos objetivos do Seminário, em contexto cultural”, e, num “diálogo direto” com os responsáveis da Bienal de Arte Contemporânea, propuseram ter “uma pequena intervenção”.

“Este ‘Sussurra-se’ há aqui qualquer coisa que está a acontecer, que se vai sussurrando, ainda não é uma voz, mas já é um sussurro que nós queremos que um dia possa ser uma voz”, realçou o sacerdote.

A exposição ‘Sussurra-se’, inaugurada no dia 5 de abril, pode ser visitada até 12 de junho, no Museu Póvoa dos Reis do Seminário Maior de Coimbra; a entrada é gratuita, de segunda-feira a sábado, das 09h30 às 18h30; esta terça-feira, 9 de abril, realizou-se uma conversa entre a artista plástica brasileira e o reitor do seminário.

“A ideia é que um recado que foi nos passado, ou o que a gente sabe já bem dentro, bem no fundo da gente, desde os primórdios, e que a gente age como um fiel depositário desse recado, passando ele em fragmentos, porque não dá conta dele de todo, mas a gente o percebe aqui, ali, em frestas”, disse Lu Lessa Ventarola, à Agência ECCLESIA.

“E a gente sente que é nosso dever repassá-lo para a frente, até que um dia esse recado se recompõe, e tudo volte a consertar num concerto único e harmónico, de uma volta de uma justiça, de um tempo de justiça”, acrescentou a artista plástica brasileira, que viveu cinco anos em Coimbra mas já regressou no Rio de Janeiro.

Os visitantes da exposição ‘Sussurra-se’ vão encontrar natureza, “desenhos botânicos” que a artista procurou “transfigurar, refigurar numa linguagem de desenho artística”, no Museu Póvoa dos Reis, dedicado ao sacerdote e cientista (investigação botânica) Manuel Póvoa dos Reis, que fazia parte da Academia de Ciências de Nova Iorque.

“Numa tentativa de dizer que a gente repete, ou repete o recado, repete as coisas, mas de qualquer forma, as coisas são sempre diferentes, porque somos sempre outros, somos sempre em situações diferentes, em lugares diferentes. Nós somos convocados pela temperatura, por quem a gente encontrou”, acrescentou Lu Lessa Ventarola, que ainda faz parte da equipa da programação cultural do Seminário de Coimbra.

Foto Agência ECCLESIA/CB

A exposição integra a Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, a Anozero’24, que tem como tema geral ‘Fantasma da Liberdade’, até 30 de junho; o núcleo principal da bienal está no Convento de Santa Clara-a-Nova.

Relacionando com os tempos antes do 25 de abril de 1974, a artista plástica observa que “parece que um sussurro é menos forte do que um grito”, mas um sussurro convoca uma tensão e a tensão “convoca as pessoas”, “convoca o coração para uma escuta mais justamente afiada”.

O padre Nuno Santos destaca também “a ideia muito interessante” de comunicação e de história, porque “mesmo ao celebrar o 25 de abril não basta apenas ter uma história”, mas é preciso perceber que há muitas histórias que se “entrecruzam e que o 25 de Abril é feita de muitas vontades, muitas pessoas, muitas histórias”.

CB/OC

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