Igreja Católica quer nova estratégia para a Pastoral da Saúde

Encontro Nacional reflecte sobre os benefícios da espiritualidade na prevenção e acompanhamento da doença

Cerca de 750 pessoas inscreveram-se no 23.º Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, dedicado ao tema “Espiritualidade em Saúde – Novos desafios”, que decorre entre esta Terça-feira e Sábado em Fátima.

Segundo o coordenador da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, Mons. Vítor Feytor Pinto, o maior vírus que a Igreja Católica enfrenta neste domínio é a resistência à mudança de uma estratégia consolidada durante muitos anos.

Até agora, a assistência junto dos doentes apoia-se frequentemente em acções pontuais, relacionadas em grande parte dos casos com a aplicação dos sacramentos nas fases críticas da vida, mas esta é uma presença que, no entender do responsável, é insuficiente e redutora.

Um dos locais onde se tem ensaiado uma nova abordagem é a paróquia do Campo Grande, em Lisboa, dirigida por aquele sacerdote de 78 anos, que faz parte do Conselho Pontifício para os Profissionais da Saúde.

“Quando uma pessoa, sobretudo quando é mais idosa e frágil, adoece e precisa de ir ao hospital, é acompanhada por um corpo de voluntários”, explicou o padre Vítor Feytor Pinto à Agência ECCLESIA.

Este é um serviço que “as comunidades paroquiais têm muita dificuldade em estruturar, porque numa base de Pastoral dos doentes apenas se preocupavam em dar os sacramentos na parte final da vida”, afirmou o coordenador.

Neste sentido, é preciso “passar da ideia de que toda a Pastoral da Saúde se realiza, em termos de espiritualidade, nos hospitais, para uma concepção de que o trabalho realizado no domicílio é muito mais importante e deve ser realizado pelos cuidados paroquiais”, assinalou o responsável.

Um dos exemplos dos benefícios desta presença próxima é o acompanhamento do doente na fase terminal da vida, “que deve ser feito a partir das comunidades cristãs, e não apenas nas unidades de cuidados paliativos”.

A Igreja Católica depara-se também com a urgência de alargar o âmbito da palavra “espiritualidade”, que antes de ser religiosa é global.

“Muitas vezes, quando se fala de espiritualidade, pensa-se em religião e sacramentação [conceder os sacramentos]. Mas o trabalho de humanização e de igualitarização é essencial para termos um cuidado integral da pessoa humana”, sublinhou o sacerdote.

No entender de Mons. Vítor Feytor Pinto é igualmente importante apostar numa educação para a saúde que inclua a dimensão religiosa: “Quem não tem uma espiritualidade forte nunca será capaz de fazer um trabalho de prevenção das doenças”.

O responsável defende ainda que “a Igreja tem o dever de pensar tudo o que é política da saúde” e colaborar nas medidas que “sirvam a pessoa humana integralmente”.

A sessão de abertura do Encontro Nacional, que prevê a participação de mais de duas dezenas de oradores, contou com a presença da ministra da Saúde, Ana Jorge.

“O ser humano, um ser espiritual”, “A relação humana, lugar de espiritualidade”, “Para uma espiritualidade saudável” e “Repensar a prática pastoral da espiritualidade” são os assuntos em análise durante os quatro dias do Encontro.

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