Igreja: Casos como o do «Charlie Hebdo» devem levar sociedade a fazer «um exame de consciência»

Diz D. António Vitalino, bispo de Beja

Beja, 13 jan 2015 (Ecclesia) – O bispo de Beja destacou os “mártires de hoje” que, vítimas do “terrorismo” como os trabalhadores do jornal “Charlie Hebdo”, devem permanecer na memória das gerações para assim contribuírem para uma “mudança de mentalidade”.

Para D. António Vitalino, casos como o que ocorreu recentemente em França tornam ainda mais presente que “nunca haverá paz imposta pelo medo das armas e da violência”.

“Somente pelo dom da vida, o perdão e o amor, mesmo aos inimigos, como proclama Jesus”, aponta o prelado.

Na sua habitual nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo alentejano salienta os “milhões de pessoas que saíram à rua” no último domingo em Paris “para dizer não à violência e sim à liberdade de expressão e religião”.

Um gesto que deu “força” aos “valores fundamentais” que devem constituir as “sociedades democráticas”.

No entanto, recorda o responsável católico, fora do “frenesim mediático”, as situações de terrorismo, de violência, de intolerância ou perseguição religiosa “continuam em muitos outros continentes”.

A par de valores como a “liberdade de pensar, de expressão e de ação”, é preciso lutar por “outros também importantes, como o respeito pela dignidade das pessoas, com as suas opiniões e crenças, o seu direito de serem tratadas com igualdade e como irmãs”.

D. António Vitalino dá como exemplo fenómenos como “a exploração de pessoas e povos, as desigualdades crescentes, a corrupção e o enriquecimento ilícito, as injustiças, o desemprego, o esbanjamento, o desrespeito pelas convicções étnicas e religiosas das pessoas”.

Casos que fomentam “ambientes de racismo e xenofobia, desconfiança e violência”, muitas vezes com a complacência de uma sociedade silenciosa, cujas pessoas permanecem “indiferentes perante o mal do próximo” e que “nada fazem para construir a paz”.

Daí que, “no meio das manifestações de solidariedade para com todas as vítimas”, seja necessário que cada pessoa faça o seu “exame de consciência”, pois “todos têm culpas nas situações de violência que vão acontecendo no planeta”.

Invocando a festa do Batismo de Jesus, que a Igreja Católica celebrou recentemente, D. António Vitalino sublinha a necessidade de uma sociedade nova, de um “homem novo” à imagem de Cristo.

Uma humanidade cuja vida esteja assente nas relações fraternas, no amor, que liberta do medo, da opressão e da tristeza”, uma humanidade de que a “marcha” de Paris foi apenas uma promessa, conclui D. António Vitalino.

JCP

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