Igreja/Estado: Patriarca de Lisboa aponta ao futuro, nos 20 anos da Concordata

D. Rui Valério sublinha «valores civilizacionais» do catolicismo que marcam sociedade portuguesa

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Lisboa, 15 mai 2024 (Ecclesia) – D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, afirmou hoje que a Concordata de 2004, entre a República Portuguesa e a Santa Sé, tem de ser vista como referência de futuro, nas relações entre Igreja e Estado.

“A concordata configura-se não só como um instrumento do respeito mútuo, mas também como o alicerce” para a “promoção da dignidade do ser humano”, referiu, no encerramento da conferência ‘Uma Concordata para o século XXI’, que decorre hoje na Universidade Católica Portuguesa (UCP).

O magno chanceler da UCP considerou que o tratado internacional vem na linha de uma “harmoniosa cooperação”, ao longo da história portuguesa.

“A Concordata afigura-se como instrumento favorável para veicular e potenciar os valores civilizacionais de evangélica inspiração”, que configuram “civilizações inteiras”, assinalou.

Para D. Rui Valério, ser português é “percorrer esse caminho, profundamente pela fé cristã”.

O responsável apresentou a JMJ Lisboa 2023 como um “extraordinário exemplo” desse dinamismo.

O núncio apostólico em Lisboa, D. Ivo Scapolo, enviou uma mensagem aos participantes, assinalando a importância que o Estado português atribui à Concordata e às “boas relações” com a Igreja Católica.

Os trabalhos começaram com intervenções de D. José Alves, arcebispo emérito de Évora e da embaixadora Maria José Pires, copresidentes da Comissão Paritária, e de Isabel Capeloa Gil, reitora da UCP.

O programa incluiu conferências de D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa, sobre as implicações da JMJ 2023 nas relações Igreja-Estado, e de Miguel Assis Raimundo, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, sobre as relações entre a Concordata e a Lei da Liberdade Religiosa em Portugal.

Maria da Glória Garcia, antiga reitora da UCP, apresentou uma reflexão sobre o estatuto jurídico da instituição académica como “universidade concordatária”.

Mons. Saturino Gomes, membro da Comissão Paritária da Concordata, falou sobre o trabalho deste organismo, criado pelo tratado internacional.

Para o responsável, a missão da comissão desenvolve-se de forma “discreta”, sem mediatismo, permitindo um clima de “tranquilidade” nas relações entre as duas partes, fazendo um balanço positivo do percurso destas duas décadas.

O programa encerrou-se com a inauguração da exposição ‘Uma Concordata para o século XXI’.

OC

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