Igreja: Cardeal-patriarca recusa divisões nos bispos sobre divorciados e recasados

O essencial é «conciliar» cada caso «com a proposta de Cristo sobre o matrimónio», diz D. Manuel Clemente

Lisboa, 10 ago 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa falou à Agência ECCLESIA sobre a questão da integração das pessoas divorciadas ou recasadas, dentro da Igreja Católica.

Numa entrevista concedida antes da partida com um grupo de jovens para Taizé, no âmbito da celebração dos 75 anos da comunidade ecuménica, D. Manuel Clemente recusou a existência de cisões no seio dos bispos portugueses, devido a esta matéria, e salientou que o debate continua em aberto.

“Estamos todos à procura da melhor maneira de, respeitando cada um e não negando a nenhum batizado o lugar que tem na Igreja Católica, que é tanto dele como é dos outros, encontrar a melhor solução para resolver este problema. Temos é de encontrar a melhor maneira de fazer coincidir as situações concretas com aquilo que é a proposta de Jesus Cristo sobre o matrimónio”, sustentou.

A reflexão à volta da situação das pessoas que não conseguiram prosseguir com o seu matrimónio ou que iniciaram uma nova relação, tem marcado o Sínodo dos Bispos que o Papa Francisco dedicou à Família.

De acordo com o cardeal-patriarca de Lisboa, têm surgido no seio da Igreja Católica, e concretamente no meio dos bispos portugueses, diferentes ideias e abordagens.

Relativamente ao acesso daquelas pessoas aos outros sacramentos, “há quem proponha uma situação mais parecida com a dos gregos, dos nossos irmãos do Oriente, que é aceitarem que se volte aos sacramentos depois de um processo penitencial”, explica D. Manuel Clemente.

Por outro lado, “há quem proponha a verificação da validade ou não validade do sacramento do matrimónio que se realizou”, acrescentou o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, declarando estar neste momento “mais inclinado” para esta solução.

“Mas enfim, isto é um debate que está em curso e vamos conversando francamente. Não há nenhum extremar de posições, todos nós queremos o mesmo”, reforçou D. Manuel Clemente, afastando assim um cenário avançado há cerca de uma semana pelo jornal Semanário “Sol”, que apontava para a existência de divisões entre os bispos portugueses devido a esta matéria.

A situação das pessoas divorciadas e recasadas vai continuar a ser debatida pela Igreja Católica em outubro, no âmbito de uma assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos.

O evento vai ter lugar no Vaticano, entre os dias 4 e 25 de outubro, e será subordinado ao tema “A Vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.

JCP

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