Descida de 46% entre 1999 e 2008
Os matrimónios na Igreja Católica tiveram uma quebra de 46 %, na última década. Segundo dados do Anuário Católico de Portugal de 1999 e de 2008 todas as dioceses conheceram um decréscimo de celebrações matrimoniais.
Num total de 52401 matrimónios em 1999, as dioceses celebraram 27908 no ano de 2008. A diocese do Porto regista a maior quebra. Em 2008 foram celebrados 6048 matrimónios, menos 5911 que em 1999.
A diocese de Vila Real foi a que menos viu o decréscimo de matrimónios se acentuar. Se em 1999 celebrou 1100 matrimónios católicos, quase 10 anos depois este número desceu para os 919.
Estes são dados que não surpreendem o Pe. Luís Inácio João, Secretário da Comissão Episcopal do Laicado e da Família, que aponta uma mudança cultural antes de uma mudança religiosa.
“A sociedade conduz-se não por valores mas por parâmetros de conformidade, de moda, onde as pessoas procuram o eco da sua forma de estar e ser, e fazem disso critério de vida”, explica o sacerdote que acompanha na diocese de Leiria – Fátima casais na preparação para o matrimónio.
Segundo o sacerdote “para se ser crente num mundo indiferente e até hostil ao catolicismo exige-se uma formação sólida e um cristianismo adulto”.
Se antes o mundo “era culturalmente cristão, agora é exigida uma maior profundidade e nós ainda não a criámos suficientemente”.
Do contacto que o Pe. Luís Inácio estabelece com noivos na diocese de Leiria – Fátima, verifica “um número menor de casais, é certo, mas mais enriquecidos de valores e abertos para um trabalho de profundidade”.
Se há um decréscimo no número de crentes praticantes, “os que ficam são mais conscientes e são um forte fermento de esperança”, sublinha o secretário da Comissão Episcopal à Agência ECCLESIA.
A prática cristã está a ser remetida para a esfera privada “e o matrimónio é um acto público”, indica o sacerdote que confirma o contínuo pedido dos sacramentos de iniciação cristã.
“A secularização do matrimónio é visível. Na prática dominical, a secularização também poderá acontecer, mas é menos visível”.
Segundo o Pe. Luís Inácio falta descobrir o que é ser Igreja e perceber qual a missão dos cristãos no mundo secularizado.
“Entrar na vida da Igreja é ser membro activo e não apenas passar por ela”. A formação é “essencial não só para leigos mas para toda a Igreja”. Depois da formação “há que acompanhar e ser perseverante pois o mundo é tendencialmente adverso é secularizante”.
O Pe. Luís Inácio afirma que a preocupação de todos os bispos é levar à “descoberta e à profundidade de uma vida nova”.
A Comissão Episcopal do Laicado e da Família “não fica indiferente a estes dados e vai reflectir sobre eles”.