Darfur no Sínodo dos Bispos

«Situação melhorou mas milhões estão ainda deslocados»

Nos últimos dois anos, a situação no Darfur melhorou, mas permanece grave. Rodolphe Adada que já foi representante especial das Nações Unidas (ONU) e da União Africana (UA) na região sudanesa, foi um dos convidados especiais do Sínodo africano.

Segundo Adada, regista-se no Darfur um progressivo melhoramento da situação da segurança e uma mudança radical em relação ao intenso período de 2003-2004, mas ainda “milhões de pessoas encontram-se nos campos para desalojados ou são refugiados. Por causa da insegurança, não podem voltar para casa e retomar a sua vida normal”.

Adada lamenta que ainda não tenha sido encontrada nenhuma solução para as graves injustiças e os crimes cometidos, sobretudo no ponto mais alto das hostilidades, em 2003-2004.

Depois de 26 meses passados no Darfur como responsável pela Missão das Nações Unidas e da União Africana no Darfur – MINUAD, Rodolphe Adada dá conta de um melhoramento, apesar da persistência de dois graves perigos. “A continuação das operações militares entre o Movimento Justiça e Igualdade e as forças governamentais de um lado, e o deterioramento das relações entre o Chade e o Sudão do outro”.

A isto se junta a criminalidade e o banditismo que são actualmente “as principais preocupações em matéria de segurança”.

A MINUAD aposta no restabelecimento das condições de segurança necessárias à distribuição das ajudas humanitárias, no verificar a aplicação dos diversos acordos para o cessar-fogo, garantir a protecção da população civil. Adada afirma ser um “extraordinário instrumento de paz, único no seu género, já que nasceu da ideia de duas organizações, a União Africana e as Nações Unidas”, mas “cabe à comunidade internacional usá-lo bem”.

“A coisa mais importante é que a cooperação entre os promotores da MINUAD, a União africana e as Nações Unidas, se mantenha sincera”.

Adada recorda que os próximos dois anos vão ser cruciais para o Darfur. “Estão previstas eleições gerais para o mês de Abril de 2010 e, em 2011, vai haver o referendo para a auto-determinação do Sul do Sudão. É necessário que o Sudão participe em eleições justas e transparentes e, para que o exercício da auto-determinação do Sul decorra em boas condições, deveria-se resolver o problema do Darfur e o tempo é pouco”.

Este responsável pede um acordo “inclusivo” não apenas entre movimentos armados mas também “o resto dos membros da sociedade do Darfur, inclusive a sociedade civil, os desabrigados, os refugiados, sem esquecer os árabes”.

“Só um acordo político aceite e partilhado por todos será capaz de trazer a paz de volta ao Darfur”.

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