Igreja/Abusos: Bispo de Santarém fala em ato de «coragem» que permite «conhecer e enfrentar o problema»

D. José Traquina publica reação ao relatório da Comissão Independente

Foto: Diocese de Santarém

Santarém, 16 fev 2023 (Ecclesia) – O bispo de Santarém saudou a “coragem” de enfrenta os abusos sexuais de crianças na Igreja Católica, em Portugal, com a criação de uma Comissão Independente (CI), cujo relatório final foi divulgado na segunda-feira.

“A Conferência Episcopal Portuguesa manifestou coragem em querer a cura de um problema escondido em vidas humanas, problema que contraria a missão da Igreja e a exortação à vida segundo o Evangelho”, escreve D. José Traquina, numa mensagem enviada hoje à Agência ECCLESIA.

O responsável sublinha que o episcopado “contratou agentes credíveis e tecnicamente preparados para, de forma independente, fazer um levantamento e um estudo sobre o problema dos abusos nas instituições da Igreja”.

D. José Traquina, vogal do Conselho Permanente da CEP, esteve na apresentação do relatório da CI, a 13 de fevereiro, na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa).

“A denúncia de um padre que abusou de uma ou mais crianças, contraria em absoluto o sentido de uma vocação sacerdotal, pois é suposto um ministro sacerdote ter a maturidade humana e cristã e a consciência bem formada acerca da sua natureza, vocação, identidade e missão”, refere, num texto intitulado ‘Cuidar da identidade e missão’.

“Fiquei chocado com a leitura de tantos testemunhos de abusos e interroguei-me acerca da opção no formato da apresentação, mas o que é importante é que resulte e o efeito seja o pretendido: conhecer e enfrentar o problema dos abusos, começando pela atenção às pessoas abusadas e cuidar de prevenir quanto ao futuro”, prossegue.

O bispo de Santarém agradece a milhares de pessoas voluntárias que trabalham na Igreja, nos mais diversos âmbitos de instituições católicas, “com toda a seriedade e empenho, dando bom testemunho de santidade”.

“Também é necessário reconhecer a graça dos padres que são fiéis à sua vocação e que, por isso mesmo, fazem bem a muitas pessoas com a sua palavra, o seu acompanhamento, a formação que promovem e os sacramentos que celebram”, acrescenta.

A mensagem conclui-se com apelo à união, “no cuidado pela qualidade dos relacionamentos humanos e corresponsabilidade pedida aos agentes de pastoral, para que Igreja seja segura para as crianças e para todos”.

A Conferência Episcopal Portuguesa vai reunir-se a 3 de março, em Assembleia Plenária extraordinária, para debater os dados do relatório e decidir sobre medidas concretas a tomar.

OC

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