Idosos abandonados em tempo de férias

Poderá ser um problema que ganha maior realce em período de férias, mas dar respostas sociais a doentes e idosos é um problema intemporal. “Problema enquanto a sociedade achar que os seus idosos são um peso e enquanto esta não estiver disposta a encontrar respostas continuas, válidas e concretas para dar tranquilidade aos seus idosos”, assim reflectiu o Cónego Francisco Crespo, presidente do centro social e paroquial São Vicente de Paulo em Lisboa, no programa ECCLESIA. A Organização Mundial de Saúde, prevê que em 2025 haverá mais de mil e duzentos milhões de idosos a quem é necessário prestar auxílio. “A situação torna-se mais dramática quando vemos idosos abandonados, quer nas suas aldeias de origem quer nas grandes cidades. Entre 35 a 40 mil idosos vivem sozinhos na cidade de Lisboa, sem ninguém.” Os hospitais estão lotados de pessoas, muitas a ocupar camas porque se não estiverem aí, estarão sozinhas. “Há situações de familiares que preferem deixar os seus idosos nos hospitais porque sabem que ali estão bem acompanhados.” A falta de meios é uma das muitas dificuldades. “As IPSS não têm equipamento, pessoal e subsídios preparados para dar respostas eficazes. Eu vejo no meu caso do centro social, no bairro Serafina em Lisboa, onde existem centenas de pessoas em lista de espera, ou constantemente a bater-me à porta.” A instituição foi construída para dar respostas concretas à população daquela comunidade. Tem ATL para crianças, centro juvenil, centro para deficientes e apoio domiciliário para disponibilizar o lar para quem de facto precisa, solução que na opinião do antigo presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade deveria ser adoptada a outros locais. A falta de verbas é outro problema, isto porque até “as instituições particulares sabem que os idosos não têm dinheiro, logo vão pedir ajuda às IPSS”. A forma de ultrapassar as dificuldades económicas é pedindo ajuda às famílias que “se encontrarem uma resposta válida e tranquila, colaboram” afirma o Cónego Francisco Crespo. Outra dificuldade prende-se com encontrar pessoal capaz e preparado, com vocação e disponibilidade para este trabalho. Em Portugal as respostas vão surgindo a pouco e pouco. Mas é necessária boa vontade da parte de todos. “Tem de haver vontade política, pois há equipamentos que por não haver acordos de cooperação estão há anos fechados sem utilização. É necessário uma grande abertura da sociedade civil, da igreja, das IPSS, das misericórdias, um maior diálogo entre o ministério da saúde e da solidariedade social. E apelo ao esforço de instituições que tenham essa possibilidade, para abrir portas e receber pessoas.”

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