Ideias e lugares de solidariedade

A realização dos primeiros Dias Sociais Católicos para a Europa valeu pelo debate proposto sobre o desafio da solidariedade para a União. Valeu sobretudo pela expressividade do local onde decorreu: Gdansk, na Polónia.

É certo que poucas vezes um congresso traz novidades de relevo ou desafios muito originais para a concretização de valores transversais a toda a sociedade. É o caso da solidariedade: uma atitude comummente apontada como fulcral nas organizações sociais, desde a família às nações, e sempre incluída nas confissões religiosas como virtude fundamental e com um carácter transcendente.

Ao debater “A Solidariedade, um desafio para a Europa”, os cerca de 500 participantes vindos de quase 30 países das Europa tinham uma premissa que oferecia uma identidade particular à reflexão proposta: o facto deste valor, a solidariedade, ser fundante da União Europeia e permitir, pela sua concretização por pessoas e instituições, proporcionar tempos de paz e justiça aos países e pessoas que fazem parte da União ou que com ela mantém relações comerciais, políticas, sociais e também religiosas.

Mas o principal contributo para o debate na cidade polaca de Gdansk foi a sua história. Foi o facto de se ter incluído nas conferências e sobretudo na relação entre os participantes a memória do que aconteceu lá junto ao mar Báltico: o início da Segunda Guerra Mundial no ano de 1939, a primeira visita do Papa João Paulo II ao seu país natal e o início do movimento Solidarnosc, em 1979, e o fim do comunismo em 1989.

O conjunto destes acontecimentos remete para o exercício criativo da solidariedade: pela ajuda concreta durante os tempos de guerra, pelo desafio à participação “sem medo” proposto pelo Papa, pela conquista da dignidade social e económica para todos os trabalhadores e pela conquista da liberdade e da possibilidade de realização de cada pessoa.

Foram anos de reacção a diferentes opressões que geraram diferentes ondas da solidariedade. Para o futuro, é preciso “uma nova onda”, inovadora e pró-activa, capaz de propor justiça social e paz pessoal e mundial.

Paulo Rocha, AE

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