Setúbal: Estruturas territoriais estão a «esmagar as possibilidades de evangelização» – D. Américo Aguiar

Cardeal responsável pelo pedido de estudo à prática dominical na diocese diz ser necessário «escutar grito» das comunidades e encontrar formas «positivas» para «vivência da fé na comunidade»

Foto: Diocese de Setúbal/Ricardo Perna

Almada, 30 nov 2024 (Ecclesia) – O cardeal D. Américo Aguiar disse hoje que as atuais estruturas territoriais” das comunidades católicas estão a “esmagar” as “possibilidades de a Igreja evangelizar” e há que “agir em conformidade”.

“Estou convencido já há alguns anos, para não dizer há muitos anos, que os mapas paroquiais, a estrutura da presença da Igreja no território, está a matar a missão. Ou seja, aquilo que são as possibilidades que nós temos como Igreja de evangelizar o território, está a ser esmagada por uma estrutura, por um mapa paroquial, que em alguns casos é ‘pentasecular’ e que não corresponde, por exemplo, àquilo que hoje são os centros urbanos, não corresponde àquilo que hoje são as grandes vias de comunicação, à mobilidade das pessoas, à maneira como as pessoas organizam as suas vidas”, reconheceu o bispo de Setúbal, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O responsável falou num “grito” que os cristãos têm “obrigação de agir em conformidade”.

A comissão técnica da Comissão do Novo Mapa Diocesano, na Diocese de Setúbal apresentou hoje uma descida “acentuada” nos últimos 24 anos, com uma perda de cerca de 10 mil fiéis, mais visível nos últimos 10 anos, com a ausência de sete mil fiéis.

Os dados apresentados em Almada, e indicam que de “34 mil e 960 pessoas, em 2001, passou-se para 24 mil 142 participações, em 2024, uma queda significativa de cerca de 31%”, sendo que a década entre 2014 e 2024, registou uma perda de aproximadamente sete mil fiéis.

D. Américo Aguiar sublinha que esta realidade não é para disfarçar e lamenta “um avião em queda livre há décadas” que se algo não for diferente, “vai bater no chão obrigatoriamente”.

“Eu não estou a dizer que tudo tem que ser diferente, o que eu estou a dizer é que, primeiro temos que conhecer o território, temos que conhecer a realidade e temos, depois, de ouvir os gritos que esse território e essa realidade fazem chegar aos nossos corações”, indica.

O bispo de Setúbal sublinha o esforço feito põe “padres heróis”, “sacerdotes que estão distribuídos por este longo território do país e da minha diocese de modo especial, que fazem o que podem e fazem o que não podem”, mas indica que, com a ajuda da Academia, se poderá chegar a uma etapa “mais eficaz de evangelização”, que “respeite mais a realidade do povo” e que possa ter “um retorno mais positivo na vivência da fé na comunidade”.

D. Américo Aguiar indica esperar que o processo, cujos primeiros dados foram conhecidos esta manhã, possa ajudar a “avaliar e tomar decisões”.

“Queremos tomar decisões sinodalmente. Queremos que este processo baixe à raiz das comunidades, para que depois, nas comunidades, possa chegar novamente às mãos e ao coração do bispo para tomar uma decisão. Eventualmente em 2025, 26 ou 27, talvez possamos ter um território onde as recomendações e as conclusões destes trabalhos possam ser postas em prática”, indicou.

OC/LS

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Agência ECCLESIA

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