Homilia do bispo da Guarda na Missa Crismal

Estimados Padres:

Louvemos o Senhor pelos compromissos sacerdotais que hoje renovamos.

 

Na passagem do Evangelho de S. Lucas que acabámos de es­cu­tar, depois de ler a profecia de Isaías, Jesus diz – “cum­priu-se hoje mesmo a passagem da Escritura que acabais de ouvir”.

Ora este hoje de Jesus é também o hoje de cada um de nós sacerdotes, que Ele chamou para o seguirmos mais de perto e podermos agir na sua pessoa, in persona Christi.

Jesus é, de facto, aquele sobre o qual repousa em pleni­tude o Espírito do Senhor. É o enviado de Deus para proclamar e cumprir o ano da Graça do Senhor, o dia e a hora da justiça divina. E o programa desse dia está bem definido pelo profeta, pois trata-se de anunciar a Boa Nova aos pobres, curar os corações atribulados, levar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros.

Foi este o programa com o qual Jesus se apresentou e que hoje também nós queremos fazer o nosso programa, porque é o programa da própria Igreja.

 

Situando-nos ainda dentro do mesmo anúncio profético, nós sentimo-nos naturalmente visados, quando lá se diz – “Se­reis chamados Sacerdotes e Ministros do nosso Deus”.

A Pessoa de Jesus que, segundo o Evangelho, cumpre a profecia, é a referência e o modelo do nosso Ministério sa­cer­dotal; mais do que isso, Ele está presente em nós mesmos e em tudo o que por força do Ministério Ordenado, nós fazemos. Sendo a testemunha fiel, o primogénito dos mortos, aquele que pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus Seu Pai, como nos diz o Apocalipse, indica-nos o caminho por onde havemos de hoje ser seus ministros. Nele e pela união com ele, temos a segurança e todas as garantias de que precisamos para o exercício do Ministério que nos está confiado.

 

2.Estimados padres, estamos a viver mais uma manhã de Quinta-Feira Santa, em solene concelebração da Missa Cris­mal que nos leva ao coração do Ministério Sacerdotal que nos está confiado desde o dia da nossa Ordenação. Mergu­lhamos, assim, na nossa identidade como sacerdotes de Cristo e membros do Presbitério ao qual Ele confia a responsa­bili­dade por esta porção do seu povo que é a Diocese da Guarda.

Queremos, por isso, lembrar hoje pontos essenciais da nossa identidade sacerdotal e as consequências que daí advêm para a nossa vida e para o serviço que nos é pedido e nós queremos prestar com dignidade.

 

E o primeiro desses pontos essenciais é a nossa íntima e profunda ligação à Pessoa de Jesus Cristo, sumo e único Sacerdote e Bom Pas­tor. De facto, enquanto Ministros Ordenados, somos porta­do­res de uma configuração especial com Cristo, por força do Sacramento da Ordem, a acrescentar àquela original e pri­mei­ra configuração que nos vem do Sacramento do Baptis­mo. Por isso, dizemos e com verdade que a Ordenação habilita o presbítero para agir “in persona Christi”, tendo este agir o seu ponto culminante no momento da consagra­ção do Pão e do Vinho, que repete as palavras e os gestos de Cristo na Última Ceia.

De facto, nós enquanto sacerdotes nascemos da Eucaristia, como também, por vontade do mesmo Cristo, não há Eucaristia senão através do serviço sacerdotal. Portanto não existe Eucaristia sem sacerdócio como não existe sacerdócio sem Eucaristia. Concluimos, assim, que há uma específica reciprocidade entre Eucaristia e Sacerdócio, reciprocidade essa que tem origem no Cenáculo. Estamos, de facto, diante de  dois sacramentos que nascem juntos e que continuam indissociavelmente ligados até ao fim dos tempos.

 

  1. Estimados padres, se hoje louvamos o Senhor pela grandeza do Ministério que nos está confiado, apesar das nossas limitações e mesmo pecados, também rezamos, com todo o Povo de Deus não apenas pela nossa santificação, mas também para que não faltem à Igreja os sacerdotes de que ela precisa.

De facto, sobretudo durante os últimos anos, temos vindo a sentir que é insuficiente o número de sacerdotes de que dispomos para darmos a devida resposta às crescentes exigências da evangelização e da missão, como também para o cuidado pastoral dos fiéis e das comunidades. No nosso Seminário não temos, neste momento, os seminaristas de que efetivamente precisamos e este é um facto que não podemos arredar das nossas preocupações de sacerdotes.

 

Mas também a verdade é que esse facto não pode diminuir a nossa confiança no Senhor da Messe, sabendo nós que as vocações são sempre um dom de Deus que nós temos a obrigação de pedir incessantemente. À oração impõe-se acrescentar a clareza da nossa doação pessoal, enriquecida pela oferta silenciosa do testemunho e mesmo do sofrimento diante de situações que muitas vezes temos dificuldade em gerir.

Este é, de facto,  o primeiro e mais eficaz meio da pastoral vocacional em ordem ao Ministério Sacerdotal.

 

Olhemos agora de modo especial para o Senhor Jesus na Úl­ti­ma Ceia a instituir a Eucaristia, mas também o Sacra­mento que faz de nós seus ministros no Sacerdócio.

É este o momento indicado para tomarmos consciência de que a partir daí o mesmo Jesus não se cansa de procurar e chamar os que ele livremente deseja escolher. Aqui está a origem e a fonte perene da verdadeira pastoral das voca­ções.

E nós, Sacerdotes, dessa mesma pastoral vocacional somos os primeiros responsáveis, procurando os melhores caminhos para descobrir, acompanhar e ajudar todos os que ele deseja associar ao seu Sacerdócio para saberem responder generosamente ao seu convite. De facto, e convém lembrá-lo hoje de forma especial, da nossa fidelidade pessoal a Cristo, do amor que nutrimos pela Eucaristia e do fervor com que a celebramos e a devoção com que a adoramos depende em muito que haja respostas generosas ao convite que Jesus continua a fazer. Isto porque só sacerdotes enamorados da Eucaristia são capazes de comunicar aos adolescentes  e jovens de hoje o entusiasmo para se entregarem generosa­mente à mesma causa.

De facto, antes e acima de qualquer outra iniciativa de promoção vocacional está o testemunho da nossa fidelidade pessoal ao serviço do Povo de Deus e ás promessas sacerdotais que fizemos no dia da nossa Ordenação e hoje vamos renovar.

A este testemunho precisamos de acrescentar o convite explícito, como nos lembra o Papa Francisco na exortação apostólica sobre os jovens publicada há poucas semanas. Nela nos recomenda para nos atrevermos a dizer a cada jovem que se interrogue sobre a possibilidade de seguir este caminho (nº275).

 

4.Este dia e esta celebração são também o momento pr Soares  Coelhomento Terreiro, Josedotal  e 25 anos de Minsitais  dis irmregarem generosamente tinua a fazer ao seu sacerdócio próprio para lembrarmos e darmos graças pelos jubileus sacerdotais  dos irmãos sacerdotes do nosso presbitério que este ano cumprem 70, 60 e 25 anos de Ministério sacerdotal.

 

Assim cumprem 70 anos de vida sacerdotal os nossos ir­mãos Padres Álvaro do Nascimento Terreiro, José Moreira Martinho e José Soares  Coelho. Todos frequentaram os se­mi­nários diocesanos. Dois foram ordenados pelo Sr. D. Domingos da Silva Gonçalves e um pelo Sr. D. José Alves Matoso.

O Rev.do Padre Álvaro do Nascimento Terreiro depois da Ordenação sacerdotal serviu a nossa Diocese durante uma dúzia de anos e a seguir foi enviado para o serviço de capelão militar, no ano de 1962. A partir de 1967, com residência em Lisboa dedicou-se a ações de formação na área da psicologia e pedagogia, incluindo orientação vocacional, tendo para esse efeito procurado formação académica complementar na Pontifícia Universidade de Salamanca e no instituto Superior de Psicologia Aplicada em Lisboa. Presentemente distribui o seu tempo por Lisboa e por Almeida, sua terra natal.

 

O Rev.do Padre José Moreira Martinho começou por exercer o Ministério na cidade da Guarda como coadjutor na Sé e S. Vicente. Um ano depois, foi nomeado pároco de S. Romão, funções que exerceu até setembro do asno passado. Pelo meio desempenhou várias outras funções, como arcipreste, director diocesano do Apostolado da Oração, além de pontualmente ter servido pastoralmente outras paróquias do arciprestado de Seia. O apoio à Liga dos Servos de Jesus, assim como a variadas instituições locais de ensino e acção social e outras são notas marcantes da sua presença nesta paróquia de S. Romão e no arciprestado de Seia, onde continua a residir.

 

O Rev.do Padre José Soares Coelho iniciou a o exercício do Ministério no arciprestado de Gouveia, mais propriamente nas paróquias de Rio Torto, Lagarinhos e Nespereira, onde permaneceu mais de 30 anos. Em 1986 foi nomeado pároco de Paranhos da Beira e Tourais, vindo a acumular com Girabolhos. Foi dispensado de responsabilidades paroquiais no ano de 2016 e agora, residindo em Gouveia, continua a colaborar em várias iniciativas pastorais, nomeadamente acompanhando equipas de casais.

 

Cumprem 60 anos de vida sacerdotal os Rev.dos Padres António Brás Carreto, António Carlos Dias Gama e Fernando Brito dos santos. Todos frequentaram os seminários dioce­sanos e foram ordenados pelo Sr. D. Domingos da Silva Gonçalves.

 

O Revd.do Padre António Brás Carreto iniciou o Ministério sacerdotal imediatamente a seguir à Ordenação na Paróquia de Alvendre, acumulando depois com Avelãs de Ambom e Rocamondo. Em 1964 foi nomeado Pároco de Aldeia da Ponte e em 1976 passou a estar ao serviço do Patriarcado de Lisboa, onde lhe foram confiados vários serviços pastorais entre eles o de administrador paroquial de da Paróquia de S. Vicente de fora onde se encontra sediado a Cúria Patriarcal. Presentemente continua em Lisboa, a residir na Casa Sacerdotal do Patriarcado.

 

O Rev.do Padre António Carlos Dias Gama iniciou o exercício do Ministério sacerdotal na Paróquia de Juncais, arci­pres­tado de Gouveia e três anos depois foi nomeado pároco da Capinha, acumulando depois com Escarigo. Dispensado das funções paroquiais, assumiu o serviço da capelania da Santa Casa da misericórdia do Fundão. Pelo meio, ficaram as funções de docente nas escolas do Fundão, tendo, assim, prestado valiosos serviços a muitos adolescentes e jovens.

 

O Rev.do Padre Fernando Brito dos Santos  teve o exercício do Ministério sacerdotal desde o início ligado à Paróquia da Conceição na Covilhã, onde começou como coadjutor. São importantes marcas dos muitos serviços que prestou as de assistente diocesano da JOC e LOC, a responsabilidade pelo departamento diocesano da pastoral juvenil, a as funções de chefe de redação primeiro e depois de diretor do Notícias a Covilhã, a direção do centro cultural e social da Covilhã e ainda as de arcipreste e de membro do Cabido da Catedral e do Colégio de Consultores da Diocese. A sua relação com a Juventude esteve também marcada pelos muitos anos em que foi professor nas escolas da Covilhã.

 

Cumprem 25 anos de vida sacerdotal os Rev.do Padres Américo Real Barroca, Carlos Manuel Gomes Helena, Francisco Pereira Barbeira, José Manuel Dias Figueiredo e Jorge Manuel Tavares Colaço. Foram todos ordenados pelo Sr. D. António dos Santos; os 4 primeiros no dia 10 de julho e o último no dia 8 de dezembro e todos frequentaram os seminários diocesanos. Enquanto o mais numeroso dos últimos anos, podemos considerar este grupo de sacerdotes uma grande bênção para a nossa Diocese.

 

O Rev.do Padre Américo Real Barroca durante os primeiros três anos de exercício do Ministério, desempenhou funções em Paróquias do arciprestado da Guarda e também de capelão militar. Em 1996 foi nomeado Pároco das seguintes  paróquias do arciprestado do Sabugal – Aldeia do Bispo, Aldeia Velha, Forcalhos e Lageosa, vindo depois a alargar a seu cuidado pastoral a outras e contando atualmente com um  outro sacerdote seu cooperador pastoral. Desempenha também funções de assistente da Caritas diocesana.

 

O Rev.do Padre Carlos Manuel Gomes Helena desempenhou funções paroquiais, desde o início, no arciprestado de Celo­rico da Beira, acumulando com as de Notário do Tri­bunal Eclesiástico. Em 1996 foi nomeado Pároco, nesse mesmo arciprestado, de Açores e Fornotelheiro, alargando depois a outras, do mesmo arciprestado, a sua responsabili­dade pas­toral. Depois da licenciatura em Direito Canónico pela Uni­versidade Católica Portuguesa, foi nome­ado juiz do Tribunal Eclesiástico e  desempenha presente­mente funções de Vigário Judicial do mesmo Tribunal.

Em 2016 foi nomeado pároco de Via Franca das Naves, Póvoa do Concelho, Moimentinha, Granja, Vale de Mouro, Feital e Vilares, no arciprestado de Trancoso.

 

 

O Rev.do Padre Francisco Pereira Barbeira, depois de algum tempo como prefeito do Seminário do Fundão, foi nomeado em 1996, Pároco de Vale de Estrela e Famalicão da Serra, acumulando depois com Fernão Joanes. Concluiu a licencia­tura no Instituto Superior de Ciências Religiosas da UCP, fez Mestrado em Comunicação Social na Universidade Pontifícia de Salamanca, no ano de 2001 e desde 2003 está ligado ao Jornal “A Guarda”, primeiro como chefe de redação e atualmente como diretor. É vice-presidente da Assembleia Geral da Associação de Imprensa de inspiração cristã, orienta a Casa Veri­tas e é diretor do Secretariado Diocesano das Comuni­cações Sociais.

 

O Rev.do Padre José Manuel Dias Figueiredo desempenha, desde o início funções paroquiais no arciprestado de Alpe­drinha. Tendo começado nas paróquias de Almaceda e S. Vicente da Beira, acumulou depois com Ninho do Açor e pontualmente serviu outras paróquias do mesmo arcipres­tado. Desempenha também funções de arcipreste e de assis­tente diocesano do CNE.

 

O Rev.do Padre Jorge Manuel Tavares Colaço iniciou o exercício do Ministério no  arciprestado do Rochoso, foi depois integrado na equipa formadora do Seminário do Fundão. Voltou à Guarda como pároco de Aldeia do Bispo Alvendre, Rocamondo, Avelãs de Ambom e Vila Franca do deão. Cuidou depois de Ramela, Benespera e Vela. Foi ecónomo do Seminário da Guarda e durante algum tempo acompanhou os seminaristas maiores do nosso Seminário ao Instituto Superior de Teologia, então sediado em Viseu. Em 2006 foi nomeado Pároco do Fundão, acumulando depois com outras funções como Capelão da Santa Cada da Mise­ricórdia do Fundão, arcipreste, ecónomo do Seminário do Fundão. Alargou pontualmente  a sua ação pastoral a outras paróquias do mesmo arciprestado.

 

Louvemos o Senhor, nesta Concelebração de Quinta-Feira San­ta, pela graça que nos concede de também nela renovar­mos as nossas promessas sacerdotais.

D. Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

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