O teólogo Hans Kung, conhecido pelas suas posições polémicas em relação ao magistério da Igreja, disse que “Bento XVI pode reservar ao mundo algumas surpresas, dado que é um conservador com alguma abertura”. Em entrevista à agência italiana ANSA, o teólogo suíço analisou o primeiro ano de pontificado do Papa alemão, com quem dividiu anos de amizade e estudo na Universidade de Tubinguen antes de Joseph Ratzinger assumir ,em 1981, a chefia da Congregação para a Doutrina de Fé. Em 1979 o Vaticano suspendeu a licença do teólogo suíço para ensinar teologia católica, por criticar a infalibilidade do Papa e o nascimento virginal de Jesus. No passado verão, Bento XVI dedicou-lhe quatro horas na sua residência de Castel Gandolfo, onde mantiveram um encontro “familiar e muito cordial”, segundo Küng, que acredita que “o Papa percebe a seriedade da situação em relação aos problemas da Igreja”. “Espero que Bento XVI possa convocar um concílio ecuménico para discutir alguns problemas, como por exemplo o celibato sacerdotal”, disse o autor de “Ser Cristão” e “A Igreja”. Hans Küng revelou ainda que “estou feliz por não ter sido eleito outro papa mediático, apesar de não ter escondido o meu desapontamento com a eleição de Ratzinger no ano passado”. “Hoje, após um ano de atenta observação, prefiro aguardar um pouco mais antes de fazer um julgamento de seu pontificado. Mas acredito que o cumprirá muito bem”, comentou.