Há grande procura de música pop-rock no mercado católico

Entrevista com o Pe. Jorge Manuel Pinheiro Castela, responsável do Departamento da Pastoral Juvenil da Diocese da Guarda Jorge Manuel Pinheiro Castela é padre da Diocese da Guarda e responsável pelo Departamento Diocesano da Pastoral Juvenil. Estão também ao seu cuidado as paróquias de Mangualde da Serra, Moimenta da Serra, Paços da Serra e santa Marinha, no concelho de Gouveia. A poucos dias da apresentação do CD (a)braços, da Banda Jota, o padre Jorge Castela fala dos projectos em que a Diocese da Guarda pretende envolver os jovens. A Guarda: O que é o Departamento da Pastoral Juvenil da Guarda? Jorge Castela: O DPJG é um Serviço Diocesano que impulsiona a pastoral juvenil em toda a Diocese, segundo podemos ler no documento da Conferência Episcopal, Bases da Pastoral Juvenil. Este serviço é designado pelo Bispo Diocesano para apoiar os grupos de jovens em particular e coordenar a pastoral dos jovens na Guarda, em geral. A sua meta é levar cada jovem da diocese à maturidade da fé e as suas actividades são as estratégias reflectidas para a prossecução deste objectivo e desta meta. Em termos menos formais trata-se de uma equipa jovem que ama os jovens, que sente com eles e quer ajudá-los a tornarem-se discípulos de Cristo. A Guarda: Quais os critérios utilizados na escolha dos elementos que fazem parte do Departamento? Jorge Castela: Segundo o mesmo documento da Conferência Episcopal, esta “Equipa Diocesana deve ser plural nas experiências, na sensibilidade, na capacidade de propostas e de acompanhamento das situações.” Assim se fez e faz a escolha dos seus elementos. Torna-se ainda importante que sejam pessoas com verdadeira maturidade de fé, que sejam dinâmicos e criativos, pois o trabalho com esta faixa etária o exige, e que possuam muito amor aos jovens. Embora se mantenha um chamado “núcleo duro”, todos os anos esta equipa é renovada, para serem igualmente renovadoras as propostas na diocese. A Guarda: Quais actividades mais marcantes que são desenvolvidas pelo Departamento, ao longo do ano? Jorge Castela: Em cada ano o programa ou calendário é reformulado segundo as necessidades e circunstâncias. Porém, tendo em atenção este ano pastoral que ainda decorre, são de realçar o Fórum Juvenil, que ocorreu no início do ano; o Dia Diocesano da Juventude, que ocorreu na Guarda no passado dia 22 de Abril e reuniu várias centenas de jovens; o Festival da Canção que vai decorrer no dia 17 de Junho no Soito; o Festival Jota, um Festival de Verão de Música Religiosa que vai ser uma experiência única, nos dias 1, 2 e 3 de Setembro em Paranhos da Beira, e para o qual já temos confirmados grupos de renome internacional; as Escolas de Formação, espaços concretos de formação sobretudo para animadores e agentes de Pastoral Juvenil; os Retiros Espirituais, dos quais destaco o Retiro Ambulante, um retiro que se realiza em acampamento e em caminhadas na Serra; o Encontro de Jovens Namorados Cristãos; Peregrinações várias, como é o caso da ida a Taizé em Agosto deste ano, entre muitas outras. Uma grande parte destas actividades ou propostas têm carácter de Primeiro Anúncio. Mas reconhecemos que a nossa aposta futura terá de passar necessariamente pela formação. Por isso estamos a tentar concretizar o Itinerário TAJ (trabalho Alargado com Jovens), um trabalho de evangelização para chegar junto daqueles que estão mais afastados. A Guarda: Como é que tem sido a adesão aos jovens da Diocese da Guarda às actividades do Departamento? Jorge Castela: Penso que podemos classificá-la de positiva. No entanto ainda está longe de atingir o objectivo geral de evangelizar todos os jovens da diocese. Em termos de participação em actividades de massa, o número eleva-se às centenas. Mas não fica claro que estes jovens atinjam a maturidade da fé. Também não existem mais de 30 grupos de jovens paroquiais ou zonais na diocese, nem proliferam nesta muitos movimentos religiosos de cariz juvenil. Entretanto, penso que o DPJG tem tido a preocupação de criar as oportunidades necessárias, e as dificuldades não nos levam ao desânimo, mas são um incentivo a fazer mais e melhor. A Guarda: A “Banda Jota” é uma aposta ganha. Como é que apareceu este projecto? Jorge Castela: Os ecos que ouvimos indicam que essa aposta está ganha, mas o futuro o dirá. Temos os pés bem assentes na terra, e os nossos objectivos não passam pela fama. Passam pela mensagem que transmitimos. Este projecto nasceu em 2003 como um grupo musical de apoio às actividades do Departamento. O primeiro desafio foi a participação no I Fórum Juvenil que este organizou. Desde então, temos assumido um pouco como objectivos a composição de temas que anunciem e testemunhem um ritmo especial, o ritmo que achamos que Jesus utilizaria para falar hoje com os jovens, e os concertos para que somos convidados. O nosso estilo é um pouco aquilo que se denomina pop-funk. Mas o mais importante são as mensagens que cantamos, a Verdade em que acreditamos. Pretendemos ser um “instrumento de evangelização”, testemunhar Jesus através da música, gritar bem alto quem é Jesus, que O amamos e que Ele é o sentido das nossas vidas. A Guarda: Qual a razão da edição do CD (a)braços? Jorge Castela: Neste período de três anos fomos convidados para vários concertos pelo país fora, o que nos trouxe algum traquejo e algum ânimo, sobretudo pelo acolhimento que recebemos em cada um deles. Um dos nossos temas, talvez o mais conhecido e que dá o nome ao cd, (A)Braços, atingiu alguns níveis de popularidade, o que fez pensar a sério na gravação em estúdio. Aliás, o cd surge como uma necessidade, como uma consequência destes concertos, da aceitação das nossas músicas, dos pedidos insistentes do chamado mercado juvenil. Nós fizemos um processo diferente da maioria dos grupos de música. Primeiro mostrámos o que tínhamos para partilhar, e só quando sentimos que as pessoas ansiavam o que cantávamos é que partimos para a gravação. O título do cd foi escolhido, em primeiro lugar por causa desse tema; em segundo, porque estamos a colocar-nos a braços com um projecto de evangelização e amor a Deus. Temos consciência que é uma caminhada a que estamos a iniciar e queremos que façam connosco através do cd. Em terceiro lugar, porque a mensagem geral dos temas faz uma profunda relação de amor com Deus, como se lhe oferecêssemos os nossos braços para abraçar e nos sentíssemos abraçados por Ele. A Guarda: Há alguma razão especial para o envolvimento das Edições Salesianas na edição deste CD? Jorge Castela: O director da editora teve a oportunidade de nos ver e ouvir em palco, e agradou-lhe os níveis de popularidade que as nossas músicas atingiram, bem como a qualidade da banda, segundo afirmou mais tarde. Além disso, existe neste momento uma grande procura do mercado católico de música pop-rock, e como se sabe, este mercado em Portugal é ainda escasso. Penso que foi uma aposta. A Guarda: A apresentação deste trabalho está marcada para este domingo. Como vai ser o alinhamento deste concerto? Jorge Castela: Estamos a preparar algumas surpresas. Mas, como surpresas que são, não vou obviamente revelar. Posso, no entanto, informar que o alinhamento será o mesmo do cd, com algumas dessas surpresas. Haverão alguns momentos em que mostraremos o que foi esta caminhada da banda, bem como a gravação do cd. No final, haverá uma sessão de autógrafos. A Guarda: Acha que os jovens estão receptivos a este tipo de música? Jorge Castela: Se estão! Os jovens podem até viver um pouco afastados de Deus, mas porventura estarão também um pouco saturados das propostas que possuem neste momento. Esta é uma aposta nova. A prova disto faz-me relembrar algo que aconteceu em Fátima, na Peregrinação anual dos jovens. Lembro a sensação que tive quando, ao entrar no Centro Paulo VI, onde estavam reunidos mais de cinco mil jovens, a canção que mais os entusiasmava e que cantavam repetidamente era um dos nossos temas. Posso inclusivamente partilhar que é uma experiência maravilhosa podermos perceber como, no anonimato, aquilo que criamos pode ser um meio de evangelização imensamente útil, uma forma de os outros chegarem a Deus. A Guarda: Depois da edição deste CD, qual o futuro da Banda Jota? Jorge Castela: O que Deus quiser. Uma coisa queremos: continuar a nossa forma simples e verdadeira de cantar e de compor para Ele. A Guarda: Como estão a decorrer os preparativos para o Festival Diocesano da Canção Jovem Religiosa? Jorge Castela: Já estão apuradas as 10 músicas candidatas, que vêm do Paul, de S. Miguel da Guarda, da própria cidade da Guarda, de Cantar Galo, de S. Martinho da Covilhã, de Moimentinha, de Celorico da Beira, de Belmonte e do Soito, local onde se vai realizar o Festival no próximo dia 17 de Junho, pelas 21.00h. São músicas interessantes e podem ser grandes revelações. A vencedora representará a diocese no Festival nacional a ocorrer em Fátima em Dezembro próximo. No mesmo dia teremos a oportunidade de conhecer e ouvir os “5ª Punkada”, um grupo de música rock constituído por jovens com deficiência mental ou motora, que vão fazer a segunda parte do espectáculo. Agradecemos à Câmara Municipal do Sabugal que se tornou nossa parceira neste evento. A Guarda: No seu ponto de vista, quais os motivos que afastam os jovens da Igreja? Jorge Castela: A mensagem a anunciar é a mesma do tempo de Jesus. O que terá de mudar, como afirmaram os bispos da Europa em 2002, é a forma de a apresentar. Este salto está difícil de dar. Os jovens que conhecem a mensagem, não se afastam mais dela. A questão reside nos que a não conhecem, mesmo que sejam cristãos e participem nalgumas cerimónias religiosas. A Igreja terá de utilizar todos os meios ao seu alcance, inclusive os que a sociedade utiliza, para anunciar a mensagem. A Guarda: A participação de jovens da Diocese da Guarda nas Jornadas Mundiais da Juventude tem sido bastante significativa. O que é que faz correr os jovens para este tipo de acontecimento? Jorge Castela: Penso que o principal motivo será o mesmo Deus que a todos convida. Depois, o espírito de comunhão, a partilha da mesma fé, o encontro com os outros que sentem e amam do mesmo modo, mesmo que em lugares distantes. Em 2008 lá estaremos em Sidney. A Guarda: D. Manuel Felício é um Bispo próximo dos jovens ou nem por isso? Jorge Castela: Quando falamos de proximidade, falamos de algo que tem a ver com o coração. Neste sentido, esta pergunta devia ser feita a ele e aos jovens. Posso penas acrescentar que ele tem estado presente em várias das actividades que o DPJG promove, para agrado de todos, DPJG e jovens.

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