Guiné-Bissau: Igreja Católica ao serviço da saúde, do ensino e da vida

Missão de Cumura, fundada e administrada por Franciscanos, dispõe de hospital, escola e aldeia para leprosos

Bissau, 09 ago 2011 (Ecclesia) – A missão de Cumura, a 10 kms de Bissau, capital guineense, é um exemplo da intervenção social da Igreja Católica na saúde e no ensino, domínios onde as infraestruturas estatais estão muito aquém das necessidades.

O programa ‘70×7’ emitido este domingo na RTP-2 visitou o espaço coordenado por missionários franciscanos que acolhe hospital e escola, além de uma aldeia para leprosos rejeitados pelas famílias, dirigido pela irmã Patrícia Canizzaro: “Eu amo essa gente”, declara.

O religioso português Victor Henriques, médico e diretor clínico da unidade hospitalar, refere que a lepra está a diminuir – 60 a 70 novos casos por ano – mas regista o aumento da SIDA e tuberculose, que a par das doenças respiratórias e tropicais constituem os casos mais atendidos, num país onde a expectativa de vida é inferior a 50 anos.

O franciscano lamenta que a unidade não disponha em permanência de cirurgião e obstetra, especialidades que a par da oftalmologia só estão disponíveis duas vezes por ano, quando recebe uma equipa de voluntários dos hospitais de Santo António (Porto) e de Guimarães: “É um ponto fraco que estamos a procurar resolver”.

[[v,d,2276,]]“Muitas vezes temos um sentimento de frustração, fracasso e desânimo. Mas também temos casos bonitos, em que vimos o resultado do nosso trabalho. E são eles que justificam a nossa presença e nos dão alegria e ânimo para continuar a nossa missão”, salienta Victor Henriques.

Num território onde pouco mais de 40 % população com idade superior a 15 anos sabe ler e escrever, estimando-se que menos de 30 % das mulheres sejam alfabetizadas, os franciscanos edificaram uma escola para os 11 primeiros anos de escolaridade naquela que é a maior das suas missões na Guiné-Bissau.

A Ordem dos Frades Menores fixou-se no território em 1660, estando hoje presente em oito locais com 38 religiosos – cinco portugueses, 21 guineenses e 12 italianos – a que se juntam as Franciscanas Missionárias do Imaculado Coração de Maria.

O financiamento é assegurado pela congregação, instituições públicas e privadas portuguesas e italianas, organismos como a Associação Portuguesa dos Amigos de Raoul Follereau, Organização Mundial de Saúde e Banco Mundial, além de benfeitores (NIB 0019 0060 0020 0005 181 04).

As receitas que suportam os encargos, entre os quais se inclui o ordenado dos cerca de 150 funcionários, provêm igualmente das plantações hortícolas e das oficinas de mecânica, serralharia e carpintaria com mão de obra franciscana: “Um padre tem de fazer um bocado de tudo”, diz o frei Piergianni Buratti.

A Guiné-Bissau, onde os cristãos constituem 10% dos 1,5 milhões de habitantes, maioritariamente do Islão (50%) e de religiões de origem africana, está entre os 10 países com a maior taxa de mortalidade infantil, com 96 mortes por cada nascimento.

A maternidade de Cumura, com 500 consultas mensais, empenha-se no combate à transmissão do HIV/SIDA de mãe para filho, ao mesmo tempo que procura apostar na segurança de mães e bebés: dos mais de 1700 partos feitos em 2010, registou-se um óbito.

“Oferecemos um serviço seguro, que proteja a vida. Queremos, na medida do possível, incidir na diminuição da mortalidade materna”, sublinha a irmã Valéria Amato, enfermeira obstetra.

70×7/RM

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