GNR aguardada com esperança pelos timorenses

Capuchinhos em Díli referem clima menos tenso A chegada do contingente da GNR a Timor-Leste é aguardado com muita esperança pela população local. A revelação é feita à Agência ECCLESIA por frei Manuel Rito, Guardião da comunidade dos Capuchinhos, em Díli. De Portugal parte às 23h00 de hoje uma companhia de 120 efectivos da GNR, com a missão de ajudar à manutenção da ordem pública, depois do seu restabelecimento, e de dar formação às forças de segurança de Timor- Leste. Este missionário explica que, para os timorenses, a GNR “é uma polícia com muita competência, que já a conhecem pelo seu comportamento, pela sua eficiência, e é a única que entende o povo de Timor, que tem deles boas recordações”. A situação de tensão nos últimos dias tem vindo a desvanecer-se, aos poucos, segundo o relato deste religioso, “após os sinais de reconciliação e harmonia entre os governantes”. “O centro da cidade está mais pacífico, eu mesmo já saí hoje e tentei ir às compras, embora os armazéns estejam fechados. Nos bairros continua a haver incêndios e pilhagens, apesar da presença das tropas australianas, porque elas não actuam como polícia e têm limitações em relação à sua intervenção”, relata. Mais de dois terços da população de Díli ainda estará fora da cidade, segundo Fr. Rito. “Todos estamos a ser vítimas deste ambiente de conflito e de guerra. Parecia um problema pequeno, degenerou para um problema político e não sabemos onde isto poderá terminar”, alerta. A casa dos Capuchinhos, por ser pequena, apenas pôde acolher poucas dezenas de pessoas. Os incidentes passaram à margem do local, apenas ameaçado na noite da passada terça-feira. Os refugiados têm recorrido, sobretudo, a grandes complexos da Igreja, como o das Irmãs Canossianas e o dos Salesianos, para além das igrejas paroquiais. Os confrontos já feriram dois sacerdotes católicos: o padre Mouzinho, reitor do seminário menor, foi atingido quando transportavam populares para lugares de refúgio e teve de ser levado para Darwin para ser operado; o padre Agostinho Soares, Vigário Episcopal para a Pastoral, foi vítima de incêndio na própria residência. Apelos à união A Igreja Católica tem lançado vários apelo à união nacional para superar a crise no Timor Leste, procurando evitar, a todo o custo, uma eventual guerra étnica. O Bispo de Díli, D. Alberto Ricardo de Silva, expressou em comunicado seu apoio à decisão do presidente, Xanana Gusmão, de tomar o controle sobre o Exército e a Polícia, referindo que a medida é “um primeiro passo para a solução global da crise”. D. Alberto visitou hoje vários centros de refugiados e manteve o compromisso da Igreja de proteger as dezenas de milhares de pessoas que enchem há duas semanas as igrejas e seminários de Díli. Há mais de um mês que Timor-Leste vive momentos de tensão, instabilidade e violência, na sequência de uma crise político-militar marcada por divisões no seio das Forças Armadas e da Polícia Nacional e pelo mal-estar entre o Presidente da República e o primeiro-ministro. D. Basílio do Nascimento, em entrevista à Renascença, defendeu hoje uma clarificação política em Timor-Leste e não hesitou em responsabilizar o Governo pela situação de instabilidade que se vive no país, duvidando que a recente remodelação governamental seja suficiente para acalmar os ânimos. Foto: www.capuchinhos.org

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