«Fraternidade Humana»: António Guterres recebeu Prémio Zayed 2021 (atualizada)

Secretário-geral da ONU e Latifah Ibn Ziaten, fundadora de uma associação para os jovens e a paz, distinguidos no primeiro Dia Internacional da Fraternidade Humana

Lisboa, 04 fev 2021 (Ecclesia) – O português António Guterres, secretário-geral da ONU, recebeu hoje o Prémio Zayed para a Fraternidade Humana, distinção inspirada em declaração católico-islâmica assinada em 2019 pelo Papa e o grande-imã de Al-Azhar, sunita.

O responsável das Nações Unidas mostrou-se “honrado” e falou num “reconhecimento do trabalho que a ONU faz todos os dias, em todos os lugares, para promover a paz e a dignidade humana”.

A edição 2021 do prémio foi apresentada num evento online promovido pelo xeque Mohammed bin Zayed em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, com a participação do Papa Francisco e do grande-imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb.

O secretário-geral da ONU é homenageado pela sua voz em defesa de um “cessar-fogo global” e pela ação em prol de resposta internacional conjunta à pandemia de Covid-19.

O responsável português evocou os desafios da pandemia, das mudanças climáticas, da guerra, de “comportamentos de racismo e divisão”, de “discriminação religiosa”.

“É fantástico ver a enorme liderança de sua santidade o Papa e de sua eminência o grande-imã de Al-Azhar”, promovendo a paz e o diálogo, “a unidade que é necessária para enfrentar todos os desafios, para derrotar o ódio”, declarou.

“Sinto-me inspirado, com este prémio, para avançar com o nosso compromisso determinado em favor da unidade humana e da paz global. Obrigado”, concluiu Guterres.

O Papa saudou António Guterres por “todos os esforços que faz pela paz”.

“Uma paz que só se consegue com o coração fraterno. Obrigado pelo que faz”, disse.

A outra galardoada foi a marroquina Latifah Ibn Ziaten, a residir em França desde os 17 anos de idade, fundadora da “Associação Imad para os jovens e a paz”, que recebe o nome do seu filho, assassinado perto de Toulouse em 2012, num ato terrorista.

A premiada falou num estímulo para continuar a “proteger os jovens, para lhes falar de paz e amor”, numa “batalha de amor e de tolerância”.

“Hoje sou uma segunda mãe para muitas crianças que salvei, nos centros de detenção, em lares, nas escolas, de cair no ódio”, disse.

Francisco saudou a galardoada, pela sua convicção, depois da dor de perder um filho.

“Por meio dessa dor ousas dizer ‘somos todos irmãos’ e semear palavras de amor. Obrigado pelo teu testemunho. E obrigada pores ser mãe do teu filho, de tantos meninos e meninas; por seres hoje a mãe desta humanidade que te escuta e aprende de ti: ou o caminho da fraternidade, ou irmãos, ou perdemos tudo. Obrigado, obrigado”, disse.

O Prémio Zayed para a Fraternidade Humana é inspirado pelo documento sobre este tema que o Papa e o grande imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb, assinaram a 4 de fevereiro de 2019, em Abu Dhabi.

Os dois responsáveis religiosos seriam os vencedores da primeira edição do galardão; Francisco doou o montante total do prémio aos refugiados Rohingya de Myanmar.

OC

Diálogo Inter-religioso: «Fraternidade é a nova fronteira da humanidade», diz o Papa (c/vídeo)

 

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